sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Resumo: Obstáculos Extra-econômicos à Industrialização no Brasil – Florestan Fernandes

      O processo de desenvolvimento de um país é caracterizado simplesmente pelas mudanças nas condições materiais da sociedade, e essas mudanças são condicionadas pelos horizontes intelectuais dos indivíduos que são as exigências histórico-sociais.
      O ponto central do estudo é saber qual é o papel do cientista social na sociedade. O cientista social se insere na realidade social, e deve incitar a mudança, e quanto maior for a contaminação do cientista, melhor sua visão. Essa intervenção da ciência entra no processo para orientar, para “arrumar” o que está desordenado. A prática social do outro pode ter erros que o cientista vê necessidade de ordenar, de recuperar. O cientista faz a leitura das instituições para tornar mais simples a explicação do mundo.
      Não se pode pensar que a industrialização modifica a estrutura lógica dos países. Do ponto de vista de Florestan Fernandes a mudança social do Brasil ocorreria com ou sem os empresários. Não é porque a mudança ocorre que ela é boa, existem desequilíbrios e desafios que os próprios empresários criam. Derivado da ignorância da instituição do empresariado, as outras instituições não avançam com o progresso. Os agentes do progresso (Estado, força de trabalho, tecnologia) são limitados pela ação dos empresários. O papel do cientista social na articulação com o empresário é melhorar a capacidade material do empresário que vai ajudar no desenvolvimento dos agentes de progresso.
      As práticas dos cientistas não necessariamente influem nas escolhas racionais dos empresários. O que os empresários tem como seu projeto de desenvolvimento não chega aos padrões de desenvolvimento que as ciências sociais expõe. O cientista expõe a melhor maneira para que o empresário chegue a esse desenvolvimento que tanto prega. O empresário se desenvolve quando passa a pensar em movimento e aperfeiçoamento.
      Assim, o papel do cientista social é entender como as instituições se colocam para o desenvolvimento e depois subsidiar o avanço destas instituições, pois desenvolvimento é o avanço de todos. O cientista social tem que perceber o que está degradado, ele não só reflete a necessidade do conhecimento, mas também prioriza o que é relevante para as políticas nacionais. O conhecimento deve ter aplicabilidade na realidade nacional, é preciso provocar novas práticas sociais, ajudando o outro a fazer suas escolhas, para se ter extensão.
      “A contribuição prática dos cientistas sociais brasileiros só será útil e frutífera se eles corresponderem a seus papéis intelectuais específicos, deixando aos empresários a responsabilidade pela defesa dos interesses da empresa industrial no plano econômico, inclusive no que diz respeito à utilização de técnicas e de conhecimentos fornecidos pelas ciências sociais. Assim, ambos poderão contribuir melhor para o futuro da civilização industrial no Brasil” (1979:92).

Sociologia do Desenvolvimento – ano 2003

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