quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O legado crítico de Pierre Bourdieu

     O sociólogo francês Pierre Bourdieu morreu na noite do dia 23 de Janeiro, num hospital de Paris, em conseqüência de um cancro, aos 71 anos de idade. Catedrático de sociologia no Colége de France, Pierre Bourdieu era considerado um dos intelectuais mais influentes da sua época. A educação, a cultura, a literatura e a arte foram os seus primeiros objetos de estudo. Nos últimos anos, Bourdieu vinha-se dedicando ao estudo dos meios de comunicação e da política. Autor de uma sofisticada teoria dos campos de produção simbólica, o sociólogo procurou mostrar que as relações de força entre os agentes sociais apresenta-se sempre na forma transfigurada de relações de sentido. A violência simbólica, outro tema central da sua obra, não era considerada por ele como um puro e simples instrumento ao serviço da classe dominante, mas como algo que se exerce também através do jogo entre os agentes sociais.
     Um dos pontos mais originais da obra de Bourdieu reside na vontade de superar o que ele chamava de "falsas antinomias" da tradição sociológica – entre interpretação e explicação, estrutura e história, liberdade e determinismo, indivíduo e sociedade, objetivismo e subjetivismo. Pierre Bourdieu não era apenas um pesquisador excepcional, reconhecido pela comunidade acadêmica internacional, mas um intelectual empenhado nas lutas sociais e no debate público, na tradição francesa que reúne nomes como Émille Zola e Jean-Paul Sartre. Na década de 90, aprofundou esse seu empenhamento nos movimentos sociais, trabalhando pela criação do que chamava “uma esquerda da esquerda”, ou seja, uma esquerda que recusasse os compromissos que, ao longo do século XX, foram sendo assumidos pela esquerda européia mais tradicional. No caso da França, especialmente pelo Partido Socialista. Em 1992, o sociólogo afirmou: “Dez anos de poder socialista (a era Miterrand) provocaram a demolição da crença no Estado e a destruição do Estado-providência em nome dos ideais liberais”.

"A cidade dos sábios"
     Face ao silêncio dos políticos diante dos problemas sociais, Bourdieu passou a apelar para a mobilização dos intelectuais. “O que defendo”, costumava dizer, “é a possibilidade e a necessidade do intelectual crítico”. Para Bourdieu, não pode haver democracia efetiva sem um verdadeiro contra-poder crítico. O sociólogo dedicou os seus últimos anos de vida a combater o neoliberalismo sob todas as suas formas. Colocou os seus conhecimentos científicos ao serviço do empenhamento político. Numa de suas últimas obras, Contre-feux 2, Pour um mouvement social européen, Bourdieu afirma: “Fui levado pela lógica do meu trabalho a ultrapassar os limites que eu mesmo havia estabelecido em nome de uma idéia de objetividade que, percebi, era uma forma de censura”. Ultrapassar esses limites, para ele, significava tirar o saber para fora da “cidade dos sábios” e colocá-lo a serviço das lutas sociais contra o neoliberalismo.
     Um dos principais alvos de crítica de Bourdieu, nos seus últimos anos de vida, foram os meios de comunicação, que estariam, segundo ele, cada vez mais submetidos a uma lógica comercial inimiga da palavra, da verdade e dos significados reais da vida. Era um crítico feroz do lixo cultural produzido pelos média contemporâneos. Na sua obra Questions aux vrais maîtres du monde, afirmou: “Esse poder simbólico que, na grande maioria das sociedades, era distinto do poder político ou econômico, hoje está concentrado nas mãos das mesmas pessoas que detêm o controlo dos grandes grupos de comunicação, quer dizer, que controlam o conjunto dos instrumentos de produção e de difusão dos bens culturais."
     Bourdieu também era um crítico da globalização (ou mundialização, como preferem os franceses) financeira. Recusava a escolha entre a mundialização concebida como “submissão às leis do comércio” e a defesa das culturas nacionais ou de qualquer forma de nacionalismo ou localismo cultural. Ao fazer essa recusa, defendia a construção de um movimento social europeu como primeira etapa da construção de um movimento social internacional, no espírito daquele que tem vindo a ser construído em torno do Fórum Social Mundial. Deixa um legado importante e uma convocação veemente aos intelectuais para que abandonem a “cidade do saber” e passem a enfrentar o som e a fúria do mundo.

Marco Weissheimer

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Famílias e Redes Sociais – Elizabeth Both

  • as pessoas discordam profundamente em suas visões de classe; cada pessoa tem uma concepção diferente da estrutura de classe como um todo.
  • o indivíduo constrói suas noções de posição social e de classe social a partir de suas próprias experiências variadas e desconexas de prestígio e poder, e de seu conhecimento imperfeito das outras pessoas.
  • grupos de referência diretos –> o referente é um grupo real.
  • grupos de referência construído –> o referente é uma categoria social ou um conceito, e não um grupo real.
    • as classes são grupos de referência construído.
  • não existe uma forma válida única d e descobrir o que as pessoas realmente pensam sobre classe, pois cada método revelará grupos de referência um pouco diferentes.
  • quatro modelos de estrutura de classe total foram usados:
    1. Modelo de poder com dois valores –> usados por pessoas que se identificaram com a classe operária e não sentiram desejo ou compulsão por mobilidade.
    2. Modelo de prestígio com três valores –> usados por pessoas que se situavam a si próprias na classe média.
    3. Modelo de prestígio com múltiplos valores foram usados pelas pessoas que se posicionavam na classe operária mas que sentiam uma certa incompatibilidade em sua posição.
    4. Modelo misto d e poder e prestígio –> discutiram as causas do sistema de classes em gera.
  • as pessoas tem necessariamente de fazer uso de suas experiências pessoais para alcançar uma definição sobre estrutura de classe que funcione.

Introdução à Sociologia – ano 2002

Socialização: como ser um membro da sociedade – Berger e Berger

  • a biografia do indivíduo, desde o nascimento, é a história de suas relações com as pessoas.
  • socialização –> processo por meio do qual  o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade.
    • é a imposição de padrões sociais à conduta individual.
  • a consciência é basicamente a interiorização dos comandos e proibições de ordem vindos do exterior.

Introdução à Sociologia – ano 2002

O Brado do Ipiranga – Cecília Helena de Salles Oliveira e Claudia Valladão de Matos

  • um quadro histórico deve:

    • como síntese: ser baseado na verdade e reproduzir as faces essenciais do fato.

    • como análise: em um grande número de raciocínios derivados, a um tempo, da ponderação das circunstâncias verossímeis e prováveis, e do conhecimento das leis e das convenções da arte.

  • para das importância e valor ao quadro, o pintor fez várias alterações na cena real, como roupas, cores, aparência, cenário, entre outros.

  • Pintor: Pedro Américo – ano: 1888

  • o quadro foi patrocinado pelo governo imperial e pela câmara municipal do Rio de Janeiro para rememorar a Constituição de 1824 e os quarenta anos do 7 de setembro.

  • “a realidade inspira e não escraviza o pintor”
    até hoje o quadro é interpretado não como representação, mas como registro fidedigno e indelével da fundação nacional.
    o quadro pertence a um momento histórico que se inicia após a Guerra do Paraguai.

  • Academia Imperial de Belas Artes –> um dos órgãos fundamentais de legitimação do sistema vigente; essa instituição iniciou sua colaboração mais efetiva somente quando D. Pedro II, em 1840, assumiu o poder.

  • “A Guerra do Paraguai representa o apogeu e o começo da decadência de D. Pedro”.

  • QUADRO: a composição apresenta uma organização rigorosamente geométrica. As comparações com Napoleão serviram para reforçar a imagem heróica de D. Pedro I.

  • Com “Independência ou Morte!”, Pedro Américo reafirmava sua adesão à política cultural do Império e mais diretamente ao projeto nacionalista do imperador D. Pedro II.

  • Na época em que o quadro foi feito, D. Pedro II governava o Brasil. O objetivo do governo em fazer o quadro é legitimar o Brasil como país independente, construindo a identidade do povo brasileiro.

Introdução a História – ano 2002