quinta-feira, 19 de junho de 2008

Os processos de industrialização brasileiros, nos períodos anterior e posterior a 1946

O processo de industrialização no Brasil, em seu período inicial, esbarrava no caráter essencialmente agrário da política econômica vigente no país: a economia era dominada pela antiga classe de latifundiários, assim como toda a política do país via-se sob forte controle desta classe. Deste modo, todas as leis aprovadas sempre terminavam por favorecer a ampliação e perpetuação da classe de latifundiários no poder e a predominância das atividades agrárias enquanto principal eixo econômico. Porém, a partir do século XIX, em meio à política econômica predominantemente agrária (principalmente a agricultura do café) e após a anulação da lei que proibia a implantação de manufaturas no país, a implantação da Tarifa Alves Branco (em 1844) favorecia algumas tentativas de implantação de um desenvolvimento industrial através de uma política protecionista que estabelecia mediante o aumento das tarifas alfandegárias. Foi o caso das tentativas de implantação de uma infra-estrutura para o desenvolvimento da indústria realizada pelo Barão de Mauá, ele realizou granes progressos em relação às estradas de ferro, iluminação e indústria naval, porém como não recebeu ajuda da elite agrária, suas tentativas fracassaram, porém as atividades industriais no Segundo Reinado tiveram assim seu primeiro impulso: os bens de consumo no país eram predominantemente importados, porém a recente indústria no Brasil se orientava para a tentativa de substituição de alguns produtos importados pelos similares nacionais. A concorrência entre os produtos nacionais e importados foi amenizada com o estabelecimento da Tarifa Alves Branco, porém a indústria de bens de produção praticamente inexistia no Brasil deste período, sendo que todos os insumos e maquinarias industriais ainda eram importados.

Os primeiros passos para a implantação de uma indústria de base nacional passaram a ser empreendidos a partir da grande crise mundial de 1929 e após a Revolução de 30. O discurso nacionalista do Estado, então chefiado por Getúlio Vargas, almejava a implantação de uma indústria de base no país, visando assim ampliar a produção nacional de bens de consumo. Porém, é somente após a implantação do Estado Novo, que surgem várias empresas estatais dedicadas ao setor de bens de produção, por exemplo: a Petrobrás e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

Outro período de grande desenvolvimento industrial brasileiro ocorreu sob o governo de Juscelino Kubitschek, entre os anos de 1956 e 1961. O discurso do presidente baseava-se no famoso slogan "50 anos em 5", ou seja, a idéia básica era o empreendimento de uma recuperação do país nos setores em que ainda encontrava-se em atraso. Neste período, houve melhoramentos em diversos setores vinculados à infra-estrutura. Tais medidas favoreceram a ampliação do setor industrial no país, que passou a contar com grandes investimentos do exterior, consolidando assim a posição da indústria em relação aos demais setores produtivos do Brasil.

Já no período militar pós-64, o Brasil entra numa fase de grande crescimento em todos os setores econômicos, ao lado da grande concentração de bens nas mãos de uma classe privilegiada. É o período do chamado "Milagre Econômico", compreendido entre os anos de 1967 a 1973, em que as taxas do PNB (Produto Nacional Bruto) cresceram rapidamente. Grande quantidade de capital estrangeiro era aplicada no país, ao passo que as exportações brasileiras, ao serem grandemente amplificadas, possibilitaram a entrada de capitais para o investimento em máquinas. No entanto, as desigualdades sociais também foram acentuadas a partir deste período e, passados estes anos do "Milagre", o Brasil entraria em uma de suas mais graves crises de sua história. Na década de 80 (“a década perdida”) a crise traduziu-se nas mais altas inflações da história do país, gerando grande estagnação no setor industrial. Este período de estagnação tem conseqüências até os dias de hoje, sendo que a indústria brasileira não apresentou crescimento significativo.

Prova (1ª questão) de Economia Brasileira, 2003

Bibliografia:

  • Furtado, Celso. Formação Econômica do Brasil
  • Cardoso, Fernando Henrique. Dependência e Desenvolvimento na América Latina
  • Benevides, Maria Victoria de Mesquita. O Governo Kubitschek: Desenvolvimento Econômico e Estabilidade Política, 1056-1961 (cap, I, II, V)
  • Algumas opiniões e textos da internet de: Wilson Suzigan, Barros de Castro, Maria da Conceição Tavares, Carlos Lessa.

O processo de substituição de importações, breve explicação deste processo até meados dos anos 60.

O período que se inicia após o término da Segunda Guerra Mundial (principalmente) e que se estende até o início da década de 90 é conhecido pelo modelo de desenvolvimento econômico orientado para a substituição de importações, por meio do qual o Brasil evoluiu de uma economia agrário-exportadora para uma economia industrial-urbana diversificada. Pode-se dizer que a industrialização por substituição de importações foi um fenômeno dos anos 30 e do período de guerra, isto é, da fase em que a contração da capacidade para importar permitiu que se utilizasse intensamente um núcleo industrial surgido na fase anterior.

O processo de substituição de importações procurou repetir nos países subdesenvolvidos a experiência de industrialização dos países desenvolvidos, se adequando às restrições do comércio exterior. Como característica predominante desse modelo de desenvolvimento temos a perda de dinamismo do setor externo. À medida que o processo de substituição de importações se desenvolve vão surgindo problemas de natureza externa e interna, de efeitos diferentes entre os países, dado às distintas políticas econômicas adotadas por estes países.

A dinâmica do processo de substituição de importações pode ser resumida da seguinte maneira: a partir do aumento da produção industrial de bens de consumo, ao iniciar-se o processo de substituição de importações, verifica-se um aumento correspondente da demanda de bens intermediários e de máquinas e equipamentos em geral. Dada a restrição da capacidade de importar, os preços dos insumos industriais tendem a aumentar, abrindo novas oportunidades de investimentos. Estes, por sua vez, pressionarão ainda mais a capacidade de importar, criando novas tensões estruturais, e o processo avança, e também conforme se desenvolve a produção industrial, cria-se um fluxo de renda adicional, que amplia o setor interno.

Para que a industrialização por substituição de importações se torne possível, é necessário que o país tenha passado pela primeira fase de industrialização induzida pela expansão das exportações primárias, e também, é necessário que essa primeira industrialização tenha alcançado uma certa importância relativa a fim de que o processo de substituição ponha em andamento a segunda fase da industrialização.

Prova (2ª questão) de Economia Brasileira), 2003

Bibliografia:

  • Furtado, Celso. Formação Econômica do Brasil
  • Cardoso, Fernando Henrique. Dependência e Desenvolvimento na América Latina
  • Benevides, Maria Victoria de Mesquita. O Governo Kubitschek: Desenvolvimento Econômico e Estabilidade Política, 1056-1961 (cap, I, II, V)
  • Algumas opiniões e textos da internet de: Wilson Suzigan, Barros de Castro, Maria da Conceição Tavares, Carlos Lessa.

Plano de Metas, PAEG e II PND

Juscelino Kubitschek implanta o Plano de Metas, onde o Estado consegue articular grandes somas de investimentos privados, destinados às áreas como indústria automobilística, construção naval e aeronáutica. A ideologia, na época, era que se precisava investir em industrialização para escapar do subdesenvolvimento.

O plano de metas continha 31 metas a serem atingidas e a construção de Brasília, que seria prioridade. Os setores que receberam mais financiamento do governo, foram o de energia, transporte e siderurgia, já os subsídios e estímulos eram destinados às outros setores.

O Plano de Metas dava tratamento preferencial ao capital estrangeiro, estimulava a acumulação privada na participação do Estado na formação de capital, e estimulou o crédito privado constituído por empréstimos de curto prazo. O Plano de Metas, deve seu sucesso ao grande crescimento do departamento produtor de bens de capital e departamentos de bens de consumo duráveis.

O crescimento industrial, no inicio do governo JK, era financiado por empresas estatais, capital privado estrangeiro e capital privado nacional. Ocorreu a oligopolização da economia brasileira. A participação do capital estrangeiro também é introduzida na manufatura brasileira. As grandes empresas oligopolistas dos EUA, Japão e Europa começam a expandir seus domínios, o Brasil estava executando seu plano de substituição de importações, e em 1974, as empresas multinacionais dominam o mercado, sendo que 1970, já dominavam a produção de bens duráveis. As empresas multinacionais dominaram nesta época, e detinham os setores mais dinâmicos da economia. O plano de metas estimulou muito o processo de substituição de importações, que começou a se esgotar em 1960.

O Brasil era dependente da tecnologia estrangeira, pois sua especialidade era os produtos leves, deixando os produtos pesados para importar. A partir de 1958 ocorre o desequilíbrio Balanço de Pagamentos e a situação se agrava com a quantidade de empréstimos externos, com prazos curtos que o Brasil adquiri e o rompimento de JK com FMI em 1959. Em 1962 cai o crescimento da indústria, devido a crises internas causadas pela dependência externa.

Nessa época (1962 – 1963) são estabelecidos alguns planos econômicos sem sucesso (como o Plano Trienal de Celso Furtado). Então é criado o Plano de ação econômica do governo (PAEG) que implantou políticas de estabilização, tendo êxito, dando início ao chamado milagre econômico brasileiro.

O Ministério do Planejamento instituiu o PAEG, plano econômico de transformações institucionais, reformas bancária e tributária e centralização do poder político e econômico. O PAEG tinha como objetivos:

  • Aumento de investimentos;
  • Estabilidade de preços (prioridade) e
  • Diminuição dos desequilíbrios regionais e déficits do Balanço de Pagamentos.

Devido ao excesso de demanda tem-se inflação, monetização dos déficits público, expansão dos créditos a empresas e grandes aumentos salariais. Executa-se uma política monetária restritiva reduzindo, de forma gradual, o déficit público e a inflação controlada a emissão de moeda e crédito. Em 1965, houve a reforma bancária onde se criou o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional. Instituiu-se a correção monetária para diminuir os efeitos da inflação. Criou-se o Sistema Financeiro de Habitação e o Banco Nacional de Habitação, que ajudaram muito o setor habitacional. Na reforma tributária, criou-se o FGTS, PIS e PASEP. O objetivo era aumentar a arrecadação. O governo para financiar sua dívida pública lança LTNs, antigas ORTNs.

O governo, em volta da crise conjuntural da economia brasileira, implanta o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), para diminuir os estrangulamentos sucessivos da economia.

O II PND era voltado para o crescimento industrial do departamento I (produtos químicos, fertilizantes), para reduzir a dependência externa de bens de capital e petróleo. Era financiado por empréstimos externos, o que reduzia os déficits em transações correntes. Com condições externas favoráveis o governo aceita riscos aumentando a déficits comerciais e a dívida externa, construindo uma política industrial avançada.

As prioridades desse Plano eram o setor energético, siderúrgico e petroquímico, sobre a indústria de bens de capital. O governo conta com o auxílio de empresas estatais e transfere fundos públicos, via BNDE, para o financiamento de grandes empresas de bens de capital do setor privado nacional.

O II PND buscava capacitar a indústria a produzir bens mais sofisticados tecnologicamente, com financiamentos subsidiados. Os programas de investimento tiveram empréstimos externos no financiamento, mas o principal financiamento para as empresas vinha das estatais: Eletrobrás, Petrobrás, Sidebrás, Embratel e outras empresas públicas, que financiavam os déficits em transações correntes.

A deficiência desse sistema era que os empréstimos eram concedidos a taxas de juros flutuantes e o resto do mundo não praticava taxas de juros reais.

O II PND tinha conjunto extremamente amplo de objetivos para consolidar em um prazo bastante curto, desse modo, não deu para realizar tudo. Era um projeto de nação potência, não apoiado pelas bases sociais de sustentação do setor de bens de capital, as lideranças empresariais do setor industrial, que criticavam a política econômica e defendiam a redemocratização do país. Houve fortes ataques da imprensa também.

Com o aumento de investimentos houve déficit em transações correntes e em crescimento da inflação. O governo opta pela diminuição das taxas de crescimento industrial. Os resultados do plano vieram acontecer em 1983 e 1984 com superávits comerciais. As transformações estruturais ocorridas provocaram diminuição estrutural de importações, principalmente em bens de capital, petróleo, produtos químicos e fertilizantes.

Prova (3ª questão) de Economia Brasileira, 2003

Bibliografia:

  • Furtado, Celso. Formação Econômica do Brasil
  • Cardoso, Fernando Henrique. Dependência e Desenvolvimento na América Latina
  • Benevides, Maria Victoria de Mesquita. O Governo Kubitschek: Desenvolvimento Econômico e Estabilidade Política, 1056-1961 (cap, I, II, V)
  • Algumas opiniões e textos da internet de: Wilson Suzigan, Barros de Castro, Maria da Conceição Tavares, Carlos Lessa.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Lévi-Strauss: Introdução à obra de Marcel Mauss

  • No jogo de xadrez, quando muda uma peça de lugar as outras peças e a própria peça mudam de importância, pode ocorrer de uma peça não sofrer mudança / alteração direta. -> como a linguagem que também muda, mas não aleatóriamente, ela tem regras a seguir.
  • No xadrez, a pessoa tem um controle do movimento, mas na linguagem é preciso seguir regras.
  • No xadrez você tem consciência quando manipula as regras, já na linguagem as regras são manipuladas inconscientemente.
  • a linguagem sofre mudança dentro do todo com o tempo e não apenas no aspecto individual embora isso tenha importância.
  • A mudança segue certo sistema para se alterar.
  • A língua é coletiva, coerciva como diz Durkheim. A fala é contextual e adquire caráter individual pois tem alguém que fala e alguém que escuta. A língua é o objeto da lingüística.
  • O estruturalismo = estrutura é o aspecto formal da vida.
  • Privilegiamento das estruturas formais em detrimento das ações sociais -> como nos jogos os signos só tem significado quando estão em uma jogada.
  • Para falar não é preciso saber regras gramaticais, mas elas podem ser aprendidas, do mesmo modo a linguagem não precisa das regras gramaticais, mas precisa de regras de fonética.
  • A língua não está restrita à regras gramaticais para ser falada. Depende da posição dos signos dentro da cadeia.
  • Subjacente a gramática de cada língua, existe uma estrutura lingüística.
  • A linguagem é inconsciente e autônoma, do mesmo modo que o simbólico na esfera da vida social também é autônomo. Definindo a autonomia do simbólico do mesmo modo da autonomia da linguagem. AUTONOMIA DO SIMBÓLICO.
  • na primeira parte do texto, Lévi-Strauss discute a relação sociedade X indivíduo -> discutindo com isso a relação sociologia X psicologia
  • Sociedade X Indivíduo = Sociologia X Psicologia -> fato social total -> sistemas simbólicos -> teoria da comunicação
  • Psicopáticos (xamanismo) -> inconsciente ( cadeia significado / cadeia significante = complementariedade) -> troca = deslocamento do plano da análise das representações coletivas (mana/hau) -> signos lingüísticos.
  • As instituições se relacionam com as sociedades e indivíduos. A estrutura sociológica e a estrutura psicológica são correspondentes.
  • Relação indivíduo e cultura se forma pelas relações de aspectos pessoais e sociológicos. Para Lévi-Strauss isso não tem importância, a relação não é causal.
  • O psicológico seria uma tradução da estrutura sociológica. Só se apreende os fenômenos sociológicos por essa tradução.
  • Somos humanos na condição do exercício do pensamento simbólico que é projetado socialmente.
  • Não há diferenciação entre indivíduo e coletivo, porque quem opera, está operando uma estrutura de mesma natureza.
  • A mente de cada um opera de maneira lógica com base nas leis de natureza lógica.
  • Todos nós somos humanos pela condição do exercício do pensamento simbólico.
  • No xamanismo ocorre uma trajetória de “subida” ao céu, ao plano espiritual; o Xamã é o Pajé da Sibéria, ele cura, faz ritos.
  • O Xamã entra em transe porque ele tem que subir ao plano espiritual, eles podem ser entendidos como psicóticos; mas isso não é verdade porque o processo psicótico não se pode controlar e o Xamã tem controle sobre seu transe.
  • As pessoas psicóticas são naturalmente livres -> Os loucos tentam simbolizar sozinhos, e isso é impossível.
  • É o Xamã que estabelece a relação entre a aldeia e a ordem superior -> colocando a cadeia de significado e a cadeia de significante.
  • Lévi-Strauss usa o xamanismo para mostrar a idéia de complementariedade entre a cadeia de significado e a cadeia de significante. -> precisa ter uma correlação (estrutural) entre a esfera sociológica e a esfera simbólica, cujo fundamento é a noção inconsciente.

Fichamento para prova de Antropologia Contemporânea (2002)

Seaussure: Natureza do signo lingüístico

  • Objeto: língua (signo lingüístico) -> fato social (exterior, coerciva e coletiva)
  • Linguagem = língua (coletiva; estrutura/sistema) + fala (individual)
  • Cadeia do pensamento = conceitos = significados
  • Cadeia fônica = sons (imagem acústica) / fonemas = significante
  • Cadeia significante precede o significado; é exterior.
  • Mana / Hau -> significantes flutuantes.
  • É na história que o significado é expresso.
  • A função do significante flutuante é evitar que a cadeia do pensamento e a cadeia fônica se desvinculem. Dão totalização à experiência.
  • Há exigência de uma totalidade que faça sentido -> Referencial.
  • O mana e o hau são categorias que também têm explicação sociológica (esse “a mais” permite que não se perca a totalidade).

Fichamento para prova de Antropologia Contemporânea (2002)

Marcel Mauss: Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas.

  • Mauss é seguidor de Durkheim e de seu método (é também sobrinho de Durkheim) -> ele faz uma análise descritiva do sistema de troca. Ele é reorganizador das obras de Durkheim, era conhecedor de dados etnográficos.
  • Mauss também parte do mais simples para o mais complexo. Sendo esse seu elemento essencial. Compreender alguns fenômenos nas sociedades mais simples, esses fenômenos permanecem nas sociedades mais complexas.
  • Em “As formas elementares da vida religiosa” Durkheim estuda as sociedades primitivas e seus sistemas totêmicos para mostrar a essência da religião.
  • As sociedades mais complexas “acham” no sistema de troca das sociedades primitivas a sua essência da economia.
  • Essência do fenômeno da dádiva: dar, receber e retribuir (obrigação) -> obrigatoriedade da reciprocidade -> sistema de prestações totais: deriva daqui o conceito de fato social total, que envolve simultaneamente todas as relações: sociológicas (relações sociais), econômicas (troca de bens), políticas (hierarquia -> poder).
  • Essas perspectivas fundamentam a moral jurídica e o direito da sociedade moderna.
  • Não é o indivíduo (pessoa jurídica) que faz a troca, mas como representante do seu clã..
  • Exemplo: Kula = colares e braceletes -> atribuem valores aos clãs, como a disciplina, a honra, o prestígio, autoridade -> mecanismo que mantém a comunidade unida -> a troca de braceletes e colares (circulação), gera controle coletivo = troca generalizada -> as coisas voltam para os emissores porque carregam parte dele, o Mana (as pessoas tem mana = autoridade), mas elas também possuem um espírito próprio, o Hau (propriedade mágica) -> o espírito da cosia = qualquer objeto vai retornar ao seu local de origem.
  • As coisas se trocam por si (fetiche da mercadoria). -> Mana e Hau são categorias nativas, coletivas; não basta chegar à forma como os nativos explicam seu mundo e sim na sociologia propriamente dita.
  • Pensar o que as pessoas têm na cabeça para entender a sociologia em si.
  • Aprender a lógica nativa, subjacente ao processo de troca e ao processo sociológico.
  • Mauss e Durkheim: inteligibilidade no interior do fenômeno social e no fato social.
  • A explicação sociológica explica essa inteligibilidade do cerne social.
  • Passagem da consciência para a inconsciência do fato social.
  • Mauss: aproxima-se da idéia dos fatos inconscientes aproximando-se da linguagem. -> as trocas envolvem caráter lingüístico.
  • Lévi-Strauss: a explicação deve ser sociológica
  • Categorias = explicação dos fenômenos sociológicos. -> os fenômenos sociais seriam um tipo de linguagem
  • Ao falar em categorias já se fala em linguagem, pois esse sistema de trocas já é uma forma de linguagem (troca: estrutural -> modelo metodológico -> lingüística -> sociedade da teoria da comunicação: linguagem, parentesco e economia). Por meio das categorias os indivíduos realizam a sociedade dentro do processo de troca.
  • O potlatch tem uma característica que o destingue das outras formas de troca, que é a disputa, que tem caráter destrutivo (retribuir sempre mais que recebeu, destruição de tudo, competição o tempo todo, quem dá mais, retribui mais ou destrói mais, leva a idéia de destruição de todos os bens e quem mais faz isso é mais prestigiado) -> Mauss denomina agonístico -> a destruição está relacionada com os deuses e os espíritos ancestrais; essa destruição assemelha-se ao sacrifício. Por meio desses valores dos quais os indivíduos estão imbuídos é que se apreende a idéia de indivíduo / sociedade.
  • A troca parece uma relação de coisas e não uma relação como ela é.
  • O inconsciente está no plano da linguagem. Lévi-Strauss se aproxima da lingüística pois todos os fenômenos sociais são, para ele inconsciente, não se satisfaz apenas com a visão do nativo.
  • Mana/hau -> “serve” para produzir sentido -> Mauss não entende que isso não é uma solução para o fato, a troca é essa solução, diz Lévi-Strauss.
  • Lévi-Strauss rompe com o pensamento durkheiminiano.
  • Durkheim: as categorias são a porta de entrada para a explicação da sociologia.
  • Mauss: os nativos não param para pensar nas categorias. Os fenômenos sociais são entendidos por determinados códigos. Há uma gramaticabilidade.
  • Lévi-Strauss: consciente -> inconsciente. Ele procura ver os processos de significação como sistemas. Essas coisas existem dentro de determinada ordem que é da mesma natureza da linguagem. Analogia metodológica entre os fenômenos sociológicos e os fenômenos lingüísticos. Formas uma estrutura com leis gerais.
  • Quando Mauss chega às categorias nativas (mana / hau) ele aceita a teoria nativa; Lévi-Strauss não aceita a teoria nativa, para ele mana e hau são explicações nativas, na realidade a essência do Kula é a troca.

Fichamento para prova de Antropologia Contemporânea (2002)

Hertz: A proeminência da mão direita : Estudo sobre a polaridade religiosa

  • sagrado / profano (polaridade) -> repercute na ordem social e no corpo (assimetria direito / esquerdo) -> remete às oposições entre direito e esquerdo -> rituais, ordem social X totemismo <- ordem social (dual) -> representa a polaridade e a classificação social (Durkheim)
  • Durkheim: a ordem social é dual e representada pelo totemismo.
  • Mão direita e esquerda -> não há apenas determinismo biológico -> essa assimetria remete à vários planos da vida social.
  • Essa polaridade repercute sobre os rituais e ordem social. A partir dessa polaridade (direito / esquerdo) organiza-se o lugar das coisas no mundo (as coisas opostas) = pares de oposição.
  • As categorias não são derivadas da experiência concreta do ser humano.
  • O hemisfério esquerdo do cérebro desenvolve a mão direita e também a linguagem e por isso é mais fácil desenvolver a mão direita.
  • O pensamento humano opera por pares de oposição -> A condição lógica do pensamento se dá por pares de oposição
  • Há complementaridade e hierarquia. Ex.: o homem e a mulher. Adão é o todo, Eva é a parte dele. O homem é também a totalidade da humanidade.
  • É a propriedade do pensamento humano que irá dar essa hierarquia.
  • Em Hertz nã há o corte epistemológico.
  • Hertz fala do pensamento primitivo; Lévi-Strauss já fala na espécie humana.
  • Hertz, apesar de ser durkheiminiano, coloca um ponto a mais (pares de oposição), que Lévi-Strauss diz ser de toda humanidade.
  • A medida que as sociedades passam a ser mais complexas as categorias passam de apenas opostas para hierarquicas.
  • Lévi-Strauss deriva sua “opinião” sobre pares opostos da lingüística estrutural e não do pensamento de Hertz, havendo uma “quebra” epstemológica.
  • O pensamento humano é inerente (a forma do pensamento humano é assim) -> sempre existe dualidade.
  • A distinção é natural.

Fichamento para prova de Antropologia Contemporânea (2002)

Cassier: Uma chave para a natureza do homem: o símbolo / Das relações animais às respostas humanas

  • A importância do simbólico para a representação (organização) do mundo é diferente de Durkheim:
  • Durkheim: origem social do simbolismo (ordem social da qual derivam representações)
  • Lévi-Strauss: simbólico (signo / é autônomo) -> Produção de sentido (simbólica – especialmente humana) -> origem simbólica da vida social.
  • Lévi-Strauss não vai mais falar em representação e sim em signos. Essa preposição é autônoma -> operando por suas próprias regras independente do social, assim a linguagem é autônoma porque funciona por suas próprias regras, ela é dada como um todo.
  • O homem passa a ver o mundo através de símbolos e pode “ver abstratamente”. A esfera do simbólico implica que haja um desvencilhamento do objeto e passe a pensá-lo apenas abstratamente (nome). O ser humano cria um mundo que não é somente o prático mas também o abstrato.
  • Pelo mundo simbólico se constrói o abstrato.
  • A espécie humana tem como diferenciador a esfera do simbólico, especialmente a esfera da linguagem, que dá a capacidade de criação que o homem tem.
  • Articulação do pensamento pela linguagem -> adequação do pensamento ao material fônico (linguagem é essa forma de adequação)
  • Para o ser humano tudo tem nome: códigos que produzem sentido -> simbólica -> especificamente humana -> os sinais são operadores; “símbolos” designadores
  • O que distingue o homem das demais espécies é sua capacidade de simbolização não a razão. Esta faz parte do simbólico. As emoções são codificadas também.
  • Pensar é diferenciar, classificar e associar -> a associação da capacidade de pensar com a capacidade de se expressar é o signo -> pensar por meio de nomes e conceitos.
  • Não há espécie ancestral do homem, o homem é a nova espécie.
  • O universo humano é bem maior que a razão.
  • A razão é parte da capacidade operacional do sistema humano. A razão é um pensamento filosófico ocidental.
  • A idéia do simbólico incompassa a idéia da razão. Passa o pensamento lógico.
  • O lógico faz parte do simbólico, é a representação dessa lógica nos campos mágico, religioso e científico que variam.
  • Duas ordens de pensamento simultâneo: 1ª ordem de pensamento lógico - racional; 2ª ordem de pensamento lógico – mágico, que coloca esses dois em conjunto, em ligação, o que leva a uma acusação de feitiçaria. -> elementos ou fatos que aparentemente não teriam nada em comum, são colocados em relação, através do pensamento mágico.
  • O mito não se contexta.
  • A espécie humana tem diferentes códigos. Os sinais humanos são diversos, cada grupo tem o seu.

Durkheim (Inversão teórica / corte epistemológico) --> Lévi-Strauss (Via lingüística estrutural)

Fichamento para prova de Antropologia Contemporânea (2002)