sexta-feira, 3 de julho de 2009

Manual de Investigações em Ciências Sociais – R. Quivy e Luc Van Campenhoudt

Como o próprio nome diz, esse texto funciona como um manual que ensina como iniciar uma pesquisa, o que se deve fazer e o que não se deve fazer para alcançar os objetivos traçados. Esse texto aborda a formulação de um projeto de investigação, o trabalho exploratório, a construção de um plano de pesquisa ou os critérios para escolha das técnicas de recolha, tratamento e análise de dados; assim o texto foi feito para ajudar o leitor a conceber por si próprio um processo de trabalho.

Pode-se dividir o procedimento de uma pesquisa em sete etapas: a pergunta de partida, a exploração, a problemática, a construção do modelo de análise, a observação, a análise das informações e as conclusões. As três primeiras etapas são agrupadas no ato de ruptura, que consiste em romper com os preconceitos e as falsas evidências, a quarta etapa faz parte do ato de construção e as três últimas etapas são agrupadas no ato de verificação. Esses atos constituem-se mutuamente.

Na etapa de exploração (a mais importante) é constituída pelas operações de leitura, as entrevistas e os métodos complementares. Para escolher bem uma leitura é preciso levar-se em conta: ligações com a pergunta de partida dimensão razoável do programa de leitura, elementos de análise e de interpretação, abordagens diversificadas, intervalos de tempo consagrados à reflexão pessoal e às trocas de ponto de vista. É preciso selecionar cuidadosamente um pequeno número de leituras e de se organizar para delas retirar o máximo de proveito.

As entrevistas exploratórias devem ajudar a construir a problemática de investigação; visa economizar perdas inúteis de energia e de tempo na leitura, na construção de hipóteses e na observação. As principais características a adotar ao longo de uma entrevista são: pôr o mínimo de perguntas possível, intervir da forma mais aberta possível, abster-se de se implicar a si mesmo no conteúdo, procurar que a entrevista se desenrole num ambiente e num contexto adequados e gravar as entrevistas.

As entrevistas, observações e consultas de documentos diversos coexistem freqüentemente durante o trabalho exploratório. Esses são “passos” básicos para uma boa entrevista.

A seguir, o autor mostra como obter um campo de análise e como selecionar as unidades de observação. Não basta saber que tipos de dados deverão ser recolhidos, é também preciso delinear o campo das análises empíricas no espaço, geográfico e social, e no tempo. É preciso levar em conta a margem de manobra do investigador: os prazos e os recursos de que dispõe, os contatos e as informações com que pode contar e suas aptidões. Numa amostra as informações úteis, muitas vezes, só podem ser obtidas junto dos elementos que constituem o conjunto, a totalidade destes elementos chama-se população. Após ter escolhido seu campo de análise o investigador depara-se com três possibilidades: estudar a totalidade da população, estudar uma amostra representativa da população e estudar componentes não estritamente representativas mas características da população.

Existem dois “tipos” de observação: observação direta, o próprio investigador procede diretamente à recolha das informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados; observação indireta, o investigador dirige-se ao sujeito para obter a informação desejada, desse modo, o sujeito intervém na informação, sendo essa menos objetiva. Existem três operações da observação: conceber o instrumento de observação, testar o instrumento de observação e a recolha dos dados.

Os principais métodos de recolha de dados são: o inquérito por questionário (colocar a um conjunto de inquiridos uma série de perguntas relativas ao ponto que interesse os investigadores), a entrevista (permitem ao investigador retirar das suas entrevistas informações e elementos de reflexão muito ricos e matizados), a observação direta (método baseado na observação visual, constitui o único método que captam os comportamentos no momento em que eles se reproduzem e em si mesmos, sem a medição de um documento ou de um testemunho) e a recolha de dados preexistentes (estudar os documentos por si próprios ou fazer a análise sociológica de um romance; ou esperar encontrar neles informações úteis para estudar outro objeto); todos esses métodos trazem vantagens e desvantagens, é preciso escolher um que se encaixe com a pesquisa que está sendo desenvolvida.

Fichamento – Pesquisa Qualitativa – ano 2003 (textos 1 e 2)

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