sexta-feira, 3 de julho de 2009

Situação de entrevista e estratégia do entrevistado – Danielle Ruquoy

     A entrevista torna-se um instrumento fundamental, a partir do momento em que o investigador se interessa cada vez mais pelo indivíduo, em abordar o ser humano profundamente. Existe um paradoxo, pois se interroga o ser singular quando as Ciências Sociais se interessa pelo coletivo, nesse caso o indivíduo é interrogado enquanto representante de um grupo social.
     Para se ter uma entrevista de qualidade é preciso fazer com que o interlocutor se exprima o mais livremente possível e forneça as informações mais completas e precisas sobre o assunto tratado. A utilização da entrevista pressupõe que o investigador não dispõe de dados já existentes, mas que precisa obtê-los, é necessário dispor de dados próprios. O tipo de entrevista tratado no texto é a entrevista semidiretiva, onde é permitido que o próprio entrevistado estruture seu pensamento em torno do objeto perspectivado, e também há a necessidade da intervenção do investigador para que se aprofunde pontos que o entrevistado não teria explicitado.
     A entrevista não pode ser considerada nem o único nem o melhor instrumento de obtenção de dados, ela nos dá informações certamente parciais, mas que conservamos por serem mais acessíveis. A entrevista é o instrumento mais adequado para delimitar os sistemas de representações, de valores, de norma veiculadas por um indivíduo.
     O papel do investigador segue a linha de pensamento do seu interlocutor, ao mesmo tempo em que zela pela pertinência das afirmações relativamente ao objetivo da pesquisa, pela instauração de um clima de confiança e pelo controle das condições sociais da interação sobre a entrevista. O objeto de estudo pode ser definido por dois procedimentos: o procedimento dedutivo e o procedimento indutivo.
     Existem alguns fatores contextuais que podem influenciar na entrevista: a relação social entrevistador/entrevistado, o quadro espaço – temporal, o momento escolhido para a entrevista, a relação com a investigação e a relação com o entrevistador e com seu modo de intervenção.
     Os indivíduos escolhidos para conceder uma entrevista não são escolhidos em função da importância numérica da categoria que representam, mas antes devido a seu caráter exemplar, da diversificação das pessoas interrogadas. A grandeza da amostra de pende da heterogeneidade do público, do grau de complexidade dos objetivos de investigação, da coerência na análise, que as novas informações não façam mais que confirmar as anteriores e que o rendimento não seja decrescente.
    Para conseguir entrevistar os indivíduos selecionados é preciso: revelar o interesse do estudo, a utilização que será feita dele; motivar o interlocutor, fazer desaparecer os receios e explicar como e porque razão a pessoa foi escolhida.
     É preciso aproveitar os momentos-chave da entrevista e saber fazer a intervenção certa na hora certa.

Fichamento – Pesquisa Qualitativa – ano 2003

Nenhum comentário: