sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pesquisa e crítica das fontes de documentação nos domínios econômico, social e político - Pierre de Saint-Georges

O autor começa o texto falando das diferentes fontes de documentação que podem ser utilizadas em uma pesquisa documental. Existem quatro tipos de fontes de documentação:

1- As fontes não escritas, que podem ser subdivididas em quatro conjuntos:

1.1- Os objetos e vestígios materiais, tais como: vestuário, mobiliário, brinquedos, obras de arte, etc, que nos levam a diferenciar níveis de evolução tecnológica, e o sentido destas evoluções é desvendar o significado destes objetos e sua conotação simbólica.

1.2- A iconografia: que refere-se as pinturas, desenhos, retratos, caricaturas e nos traz a idéia da vida da época que representam.

1.3- As fontes orais não registradas, que são: testemunhos vivos riquíssimos como as tradições orais, canções populares, discursos, depoimentos, entrevistas, etc. Este tipo de fonte embora singular nem sempre é seguro, por isso é preciso ser feito seu registro para que depois possam ser confirmadas e confrontadas.

1.4- Os processos fotográficos ou eletrônicos, que são: as fotografias, os filmes, os discos, o rádio, a TV, etc.

O importante é lembrar que uma única fonte raramente consegue esgotar uma investigação, o ideal é que se combine, por exemplo, fontes não escritas e fontes escritas do objeto investigado, a fim de se chegar a um conjunto completo de informações.

2- As fontes escritas são oficiais quando dependem de uma autoridade pública, isto é, são emitidas pela mesma ou são recebidas por esta mesma autoridade. Além destes documentos da autoridade pública que em geral são chamados de arquivos, há documentos oficiais privados que são aqueles emitidos ou recebidos oficialmente por uma instância privada, normalmente estes documentos são confidenciais e de difícil acesso e possuem um prazo de conservação.

3- As “fontes escritas não oficiais“ são numerosas, entre elas:

3.1- A imprensa: que fornece notícias e fatos e ilustra opiniões de grupos ou categorias sociais determinadas, desempenhando um papel essencial na vida política e social. Há fatores que influem na sua credibilidade, um deles é a periodicidade, quanto mais rápido é o ritmo de publicação, maiores são as chances de erro no controle das informações.

3.2- As revistas e publicações periódicas são outro tipo de fonte e em geral tem uma periodicidade mais lenta e assim, textos mais elaborados. Podem ser classificadas em revistas de ordem geral e revistas especializadas.

3.3- Tem os “livros”, obras históricas, guias turísticos, obras técnicas, livros infantis, manuais, enfim todo conjunto de obras de livraria.

3.4- Os “documentos intermediários”, que são livros e revistas de um tipo particular: dicionários (comuns e especializados), as enciclopédias, os repertórios, os anúncios e os catálogos, as bibliografias que são fontes preciosas de informação e ainda há os boletins sinaléticos (publicações periódicas bibliográficas que assinalam novas publicações relativas a uma disciplina).

4- As fontes estatísticas que são as chamadas fontes numéricas e podem ser:

4.1- estatísticas correntes: fornecem dados de base relativos à vida econômica, social e política em nível nacional, regional, local por domínios e segundo uma periodicidade conhecida e regular, são instrumentos de gestão da vida pública.

4.2- análises estatísticas: são mais que uma apresentação descritiva e fornecem informações estatísticas tratadas.

4.3- dados provenientes de investigações anteriores: é constituído por estudos e investigações originais que foram objeto de uma publicação.

Portanto, a pesquisa documental é um método de recolha e verificação de dados, através da procura e acesso a fontes pertinentes, e apesar de se basear naquilo que já existe pode produzir novos materiais empíricos, recorrendo a fontes existentes, mas até então inexploradas, através de uma documentação inovadora.

Já a pesquisa bibliográfica é utilizada quando se visa descobrir textos sem omitir uma referência essencial, e não aprofundando no que não tem interesse. Em geral é feita em bibliotecas e no geral o esquema é que as primeiras obras consultadas remeterão a outras, procura-se pelas obras mais recentes e separa-se o importante do acessório. Os dicionários são uma outra fonte e conduzem a um trabalho exaustivo.

Porém, todas estas fontes precisam ser lidas de forma seletiva. Os documentos fornecem um testemunho e é preciso examinar metodicamente estes documentos, a fim de que se possa determinar o seu alcance real e o grau de confiança que pode ser conferido a eles, pois um documento oficial pode dizer coisas falsas ou o inverso pode ocorrer. Este procedimento de seleção possui três fases:

1- A crítica interna do documento, que é a interpretação do texto.

2- A crítica externa ou crítica da testemunha, onde são analisados os aspectos materiais do documento

3- A crítica do testemunho, que confirma a informação.

No final dessas etapas é feita uma síntese das investigações, em que se destacam as informações, estabelece-se ao seu respeito uma ordem de certeza sobre o essencial e sobre os pormenores a fim de que sejam identificadas eventuais lacunas. A crítica das fontes não escritas, através da crítica histórica, tem os mesmo objetivos das fontes escritas, com a diferença que nas não escritas os meios tecnológicos podem assumir uma amplitude mais importante.

No final do texto o autor, menciona a crítica das fontes estatísticas que é feita através da estatística enquanto disciplina científica, sem se esquecer que às vezes o próprio objeto da estatística pode ser fonte de erro, que as unidades comparadas devem ser idênticas, a própria confusão no modo de recolha de dados: o questionário e/ou o entrevistado podem, individualmente ou em conjunto, induzir certas respostas e assim alterar a recolha de dados.

Pesquisa Qualitativa em CSo – Resenha – ano 2003

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