quinta-feira, 25 de junho de 2009

Trabalho final de Indicadores Sociais

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo traçar um perfil sócio-econômico das regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste), mostrando como a taxa de fecundidade varia em cada região e a partir disso explicar os fatores que podem influenciar essa variação da taxa de fecundidade. Nossa hipótese é a de que fatores como escolaridade, renda, urbanização, influenciam na taxa de fecundidade. Para essa análise, iremos utilizar os Indicadores Sociais Mínimos do IBGE e o Censo 2000.

2. INDICADORES SOCIAIS

Os Indicadores Sociais Mínimos tem como um de seus objetivos permitir o acompanhamento estatístico dos programas nacionais de cunho social, recomendados pelas diversas conferências internacionais promovidas pelas Nações Unidas nos últimos anos. O conjunto de indicadores sociais compreende dados gerais sobre distribuição da população por sexo, idade, cor ou raça, sobre população e desenvolvimento, pobreza, emprego e desemprego, educação e condições de vida. Esses Indicadores tem como algumas de suas principais recomendações a de se utilizar tão-somente dados provenientes de fontes estatísticas regulares e confiáveis e a de desagregar os dados por gênero e outros grupos específicos observando sempre, entretanto, as peculiaridades e prioridades nacionais.

Os Indicadores Sócias Mínimos, aqui utilizados, trazem informações atualizadas sobre os aspectos demográficos, anticoncepção, distribuição da população por cor ou raça; informações atualizadas sobre trabalho e rendimento, educação e condições de vida. Na elaboração do sistema foram consideradas as peculiaridades nacionais e a disponibilidade de dados. Estes estão desagregados por região geográfica, visto que o tamanho e a heterogeneidade do país reduzem a representatividade das médias nacionais, e desagregados, também, em alguns casos, por sexo e cor. Os dados são provenientes de pesquisas do IBGE, censitárias (Censo Demográfico e Contagem da População) e por amostra (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, PNAD) e complementados por outras fontes nacionais.

Definições dos Indicadores Sociais[1] usados neste trabalho:

  • Taxa média geométrica de crescimento anual da população à incremento médio anual da população, medido pela expressão i= sendo P(t+n) e P(t) populações correspondentes a duas datas sucessivas, e n o intervalo de tempo entre essas datas, medido em ano e fração de ano.
  • Taxa de urbanização à percentagem da população da área urbana em relação à população total.
  • Taxa de fecundidade total à número médio de filhos que teria uma mulher de uma coorte hipotética (15 e 49 anos de idade) ao final de seu período reprodutivo.
  • Taxa de mortalidade infantil à freqüência com que ocorrem os óbitos infantis (menores de um ano) em uma população, em relação ao número de nascidos vivos em determinado ano civil. Expressa-se para cada mil crianças nascidas vivas.
  • Anos de estudo à período estabelecido em função da série e do grau mais elevado alcançado pela pessoa, considerando a última série concluída com aprovação (Censo Demográfico, PNAD, 1991, 1992,1993 e 1995).
  • Família à conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou pessoa que mora só em uma unidade domiciliar. Entende-se por dependência doméstica a relação estabelecida entre a pessoa de referência e os empregados domésticos e agregados da família, e por normas de convivência as regras estabelecidas para o convívio de pessoas que moram juntas, sem estarem ligadas por laços de parentesco ou dependência doméstica. Consideram-se como famílias conviventes as constituídas de, no mínimo, duas pessoas cada uma, que residam na mesma unidade domiciliar (domicílio particular ou unidade de habitação em domicílio coletivo) (PNAD 1992, 1993, 1995, 1996).
  • Rendimento mensal à soma do rendimento mensal de trabalho com o rendimento proveniente de outras fontes (PNAD, 1990,1992,1993,1995).
  • Rendimento mensal familiar à Soma dos rendimentos mensais dos componentes da família, exclusive os das pessoas cuja condição na família fosse pensionista, empregado doméstico ou parente do empregado doméstico.
  • Trabalho à exercício de: a) ocupação remunerada em dinheiro, produtos, mercadorias ou em benefícios, como moradia, alimentação, roupas etc., na produção de bens e serviços; b) ocupação remunerada em dinheiro ou benefícios, como moradia, alimentação, roupas etc., no serviço doméstico; c) ocupação sem remuneração na produção de bens e serviços, exercida durante pelo menos uma hora na semana: em ajuda a membro da unidade domiciliar que tem trabalho como empregado na produção de bens primários (atividades da agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal ou mineral, caça, pesca e piscicultura), conta-própria ou empregador; em ajuda a instituição religiosa, beneficente ou de cooperativismo; ou como aprendiz ou estagiário; d) ocupação exercida durante pelo menos uma hora na semana: na produção de bens do ramo que compreende as atividades da agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal, pesca e piscicultura, destinados à própria alimentação de pelo menos um membro da unidade domiciliar; ou na construção de edificações, estradas privativas, poços e outras benfeitorias, exceto as obras destinadas unicamente à reforma, para o próprio uso de pelo menos um membro da unidade domiciliar. (PNAD 1992, 1993, 1995, 1996) Este conceito é mais abrangente que o adotado até 1990 na PNAD. Até 1990, o conceito de trabalho não abrangia o trabalho não remunerado exercido durante menos de 15 horas na semana nem o trabalho na produção para o próprio consumo e na construção para o próprio uso.
  • População Economicamente Ativa (PEA) - É composta pelas pessoas de 10 a 65 anos de idade que foram classificadas como ocupadas ou desocupadas na semana de referência da pesquisa.
  • Taxa de atividade à percentagem das pessoas economicamente ativas, em relação às pessoas de 10 ou mais anos de idade.
  • Taxa de desocupação (ou desemprego aberto) à percentagem das pessoas desocupadas, em relação às pessoas economicamente ativas.
  • Taxa de analfabetismo à percentagem das pessoas analfabetas[2] de um grupo etário, em relação ao total de pessoas do mesmo grupo etário.
  • Taxa de escolarização à percentagem dos estudantes de um grupo etário em relação ao total de pessoas do mesmo grupo etário.

3. APRESENTAÇÃO

Para definir a taxa de fecundidade "ideal", que aponta para a estabilização do crescimento populacional de um país, demógrafos partiram de um pressuposto simples: o de que crianças são geradas por duas pessoas que, um dia, irão morrer e deverão, portanto, ser substituídas por outras duas. A chamada "taxa de reposição" é, por esse motivo, de 2,1 filhos por mulher. O Brasil já teve uma média quase três vezes superior a essa. Hoje, as famílias têm, em média, 2,3 crianças – índice bem próximo do necessário para o equilíbrio populacional. Estaria tudo muito bem não fosse o fato de que essa aparente normalidade esconde uma realidade preocupante: a de que persistem no mapa brasileiro regiões onde as mulheres têm um bebê por ano e chegam ao fim de sua vida fértil com mais de vinte filhos, como alguns países miseráveis da África. Isso não ocorre somente em regiões distantes, mas também nos grandes centros urbanos – as favelas se tornaram ilhas de explosão demográfica dentro das metrópoles. Essas favelas não compartilham o isolamento dos minúsculos municípios rurais, mas se assemelham a eles em outro aspecto: os baixos índices de educação formal.

Além disso, o crescimento populacional se deve também ao desenvolvimento de uma economia. As mais pobres regiões brasileiras são as que têm as mais altas taxas de fecundidade. Nas mais ricas, é o oposto. A região com o menor índice de fecundidade do Brasil é a Região Sudeste (2,10), que como sabemos é a mais industrializada e mais desenvolvida do país, enquanto a Região Norte tem a taxa de fecundidade mais alta (3,14), e é a região mais rural, menos desenvolvida do país. Sabe-se também que mulheres que não tiveram acesso ao estudo têm até três vezes mais filhos do que as que cursaram a universidade.

O processo de urbanização foi um dos fatores que contribuíram para refrear o aumento populacional no Brasil. Ao trocarem o campo pela cidade, as pessoas passaram a ter acesso a serviços públicos como saúde e educação. A universalização da previdência também influenciou na redução dos nascimentos, sobretudo porque fez arrefecer a crença, até hoje persistente em áreas rurais, de que a única fonte de renda na velhice viria do trabalho dos filhos – o benefício fez diminuir o temor dos brasileiros de chegar à velhice sem nenhum tostão. Um estudo feito na década de 70 chegou à curiosa conclusão de que as telenovelas foram outro fator a ajudar no encolhimento dos lares, pois nas novelas exibiam-se famílias com dois filhos por casal e isso foi se tornando um padrão.

A história das políticas de planejamento familiar é cheia de idas e vindas. Embora a distribuição de preservativos pelos hospitais públicos tenha começado nos anos 70, foi só a partir de 1996, por força de lei, que camisinhas e anticoncepcionais começaram a chegar sistematicamente às regiões mais pobres e distantes das grandes cidades. Agora, o governo federal está preparando um pacote de medidas que promete aumentar a opção de anticoncepcionais ofertados pelo Estado e dobrar o número de hospitais públicos que fazem esterilizações, hoje disponíveis em menos de 10% dos municípios brasileiros.

Tudo isso mostra que regiões com diferentes níveis de instrução e riqueza têm de ser alvo de políticas específicas.

4. DESENVOLVIMENTO

Antes de traçar o perfil sócio-econômico das regiões, iremos mostrar como a taxa de fecundidade evoluiu no Brasil no decorrer das últimas décadas.

A fecundidade está associada à procriação humana, em termos do número efetivo de filhos em relação às mulheres em idade reprodutiva. Do ponto de vista demográfico, a análise da fecundidade tenta medir em que grau e como vão ocorrendo os nascimentos. A importância deste dado está no fato de que eles determinam, juntamente com a mortalidade e as migrações, o crescimento e a estrutura da população. Também, o número de filhos que as mulheres têm está estreitamente relacionado com aspectos tais como a saúde materno-infantil e aspectos sociais ligados à formação das famílias.

No Brasil, os níveis da fecundidade feminina mantiveram-se em níveis elevados até meados da década de 60, momento em que se inicia a difusão dos métodos anticonceptivos orais no País. Até 1960, a Taxa de Fecundidade Total, estimada para o País, era um pouco superior a 6 filhos por mulher. Os resultados do Censo Demográfico de 1970 mostraram uma pequena redução neste indicador (5,76 filhos por mulher), como reflexo da diminuição mais acentuada da fecundidade na Região Sudeste. Por se tratar da Região mais urbanizada do país, proporcionando um maior acesso aos meios existentes para evitar uma gravidez não desejada, e dispor de um parque industrial e de uma rede de comércio e serviços, impulsionadores da economia nacional, que absorvia um número cada vez maior de mão-de-obra feminina, a Região Sudeste do Brasil foi a primeira a experimentar a maior redução no nível da fecundidade: quase 2 filhos de 1960 para 1970. Nas demais regiões, o início da transição da fecundidade, de altos para baixos níveis, iniciou-se na década de 70.

Em 1970, os diferenciais de fecundidade entre as Grandes Regiões ainda eram bastante acentuados. As Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste possuíam as mais elevadas taxas de fecundidade (8,15; 7,53 e 6,42 filhos por mulher, respectivamente), enquanto que a Região Sudeste era detentora da mais baixa (4,56 filhos por mulher).

Já em 1980, observou-se que todas as Grandes Regiões brasileiras estavam em franco processo de redução da fecundidade, afastando-se, somente, da média nacional, as Regiões Norte e Nordeste. A partir daí, o declínio da fecundidade no Brasil acentuou-se, uma vez que a esterilização feminina passou a exercer um importante papel para a limitação do número de filhos. Os resultados para o Brasil e Grandes Regiões, incorporando as estimativas preliminares da Taxa de Fecundidade Total, calculadas com base nas informações preliminares do Censo Demográfico de 2000, encontram-se na Tabela 1[3].

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É interessante observar que os níveis estimados da fecundidade para as Grandes Regiões encontram-se bastante próximos ao da média nacional (2,35 filhos por mulher, em 2000). Porém, um ponto que merece ser destacado faz referência à proximidade dos valores alcançados pelas respectivas Taxas de Fecundidade Total das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste àquele que, desde a ótica demográfica, é considerado como o número médio de filhos por mulher que garante a reposição das gerações, ou seja, 2,1. Percebemos também que apesar da taxa de fecundidade ter diminuído muito, a Região Norte sempre teve a maior taxa entre as regiões.

A Tabela 2[4] mostra a estrutura da fecundidade nas diferentes faixas etárias:

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Quanto à estrutura da fecundidade por grupos de idade das mulheres ao longo do período fértil, podem ser observadas reduções das taxas em todas as faixas etárias, no transcurso de 20 anos (período 1980-2000). A exceção fica por conta, exclusivamente, das mulheres jovens de 15 a 19 anos, que experimentaram, nesse período, aumento da fecundidade.

5. ANÁLISE DO PERFIL SÓCIO-ECONÔNICO DAS REGIÕES DO BRASIL

Agora, iremos analisar os dados de cada região, através das tabelas dos Indicadores Sociais Mínimos.

Tabela 3 – Aspecto demográfico das regiões e do Brasil, segundo projeção total da população, taxa de crescimento anual, taxa de fecundidade total e taxa de mortalidade infantil

Brasil e Grandes Regiões

Projeção da População Total

Taxa de Crescimento anual (1)

Taxa de Fecundidade Total (2)

Taxa de Mortalidade Infantil / mil (2)

Brasil

165.371.493

1,4

2,35

34,8

Norte

12.342.627

2,4

3,16

32,7

Nordeste

46.995.094

1,1

2,63

52,8

Sudeste

70.190.565

1,4

2,10

25,7

Sul

24.546.983

1,2

2,22

22,8

Centro-Oeste

11.296.224

2,2

2,22

26,1

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) Permanecem os dados de 1996.
(2) Estimativas para 1999 extraídas do documento IBGE/DPE/DEPIS "projeção da população das Grandes Regiões por sexo e idade 1991 - 2020".

Analisando verticalmente esta tabela, podemos concluir que a Região Norte é a que apresenta a maior taxa de crescimento populacional anual (2,4), e isso é reflexo da sua taxa de fecundidade, que também é a maior entre as regiões (3,16), tornando essa região a nossa unidade de análise.

Tabela 4 – Relação entre a taxa de fecundidade total e a taxa de urbanização das regiões brasileiras e do Brasil

Brasil e Grande Regiões

Taxa de Urbanização (%)

Taxa de Fecundidade total (1)

Brasil

78,4

2,35

Norte

62,4

3,16

Nordeste

65,2

2,63

Sudeste

89,3

2,10

Sul

77,2

2,22

Centro-Oeste

84,4

2,22

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) Estimativas para 1999 extraídas do documento IBGE/DPE/DEPIS "projeção da população das Grandes Regiões por sexo e idade 1991 - 2020".

Com os números desta tabela percebemos que a Região Norte é a que apresenta a menor taxa de urbanização do Brasil (62,4%), contra os 89,3% da taxa de urbanização da Região Sudeste, que é a maior. Se considerarmos a taxa de fecundidade da Região Sudeste, que é de 2,10, ou seja, a menor taxa de fecundidade do Brasil, podemos dizer que a taxa de urbanização de uma região está intimamente relacionada com a taxa de fecundidade, já que a taxa de fecundidade da Região Norte é a maior (3,16). Podemos dizer que a taxa de urbanização influencia inversamente na taxa de fecundidade, onde a taxa de urbanização é maior a de fecundidade é menor e vice-versa.

Tabela 5 – Percentagem de uso atual de anticonceptivos entre mulheres (de 15 a 49 anos de idade) que vivem em união em cada região e no Brasil – 1996

Brasil e Grandes Regiões

Algum Método

Esterilização Feminina

Esterilização Masculina

Pílula

Não usa Métodos

Brasil

76,7

40,1

2,4

20,7

23,3

Norte

72,3

51,3

-

11,1

27,7

Nordeste

78,2

43,9

0,4

12,7

31,8

Sudeste

77,8

38,8

2,6

21,8

22,2

Sul

80,3

29,0

3,5

34,1

19,7

Centro-Oeste

84,5

59,5

1,8

16,1

15,5

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

Nota-se que a Região Norte é a que apresenta a menor taxa (72,3%) de uso de algum método anticonceptivo, e entre as que utilizam a pílula anticoncepcional (que é considerado o mais conhecido dos métodos anticonceptivos) é também a que apresenta a menor taxa (11,1%). Portanto o não uso de métodos anticonceptivos pelas mulheres da Região Norte está profundamente relacionada à alta taxa de fecundidade desta região, em relação às outras regiões brasileiras.

É importante observar que não há dados sobre a esterilização masculina na Região Norte.

Tabela 6 – Rendimento médio mensal, taxa de atividade e taxa de desocupação, em cada região e no Brasil – 1999

Brasil e Grandes Regiões

Rendimento Médio Mensal (1), em R$

Taxa de Atividade (2)

Taxa de Desocupação (2)

Brasil (3)

313,3

61,0

9,6

Norte

244,3

58,6 (4)

11,4

Nordeste

144,9

61,1

8,0

Sudeste

273,4

59,0

11,2

Sul

334,4

66,0

8,0

Centro-Oeste

291,3

63,5

9,6

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) População de 10 ou mais de idade, com ou sem rendimentos. O valor em R$ é o valor nominal.
(2) População de 10 anos ou mais de idade.
(3) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá
(4) Exclusive a população rural

Os dados desta tabela são bem interessantes, pois revelam que a alta taxa de fecundidade está mais relacionada às taxas de atividade e de desocupação do que com a renda mensal. Isso porque a Região Norte é quem apresenta a menor taxa de atividade do país (58,6%) e também apresenta a maior taxa de desocupação (11,4%), porém não tem nem a menor nem a maior renda.

É importante salientar que a população rural da Região Norte está excluída da taxa de atividade.

Tabela 7 – Taxa de atividade das pessoas de 15 a 65 anos de idade por sexo em cada região e no Brasil - 1999

Brasil e Grandes Regiões

Total

Homens

Mulheres

Brasil (1)

74,4

85,5

58,2

Norte (2)

69,2

83,2

56,1

Nordeste

71,4

85,6

58,1

Sudeste

69,9

84,0

56,6

Sul

75,9

88,7

63,6

Centro-Oeste

73,2

88,4

58,8

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
(2) Exclusive a população rural.

Tabela 8 - Taxa de desocupação das pessoas de 15 a 65 anos de idade por sexo em cada região e no Brasil - 1999

Brasil e Grandes Regiões

Total

Homens

Mulheres

Brasil (1)

9,9

8,1

12,3

Norte (2)

11,7

9,2

15,1

Nordeste

8,5

7,2

10,4

Sudeste

11,2

9,2

14,1

Sul

8,1

6,7

10,0

Centro-Oeste

9,4

7,0

12,8

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
(2) Exclusive a população rural.

As tabelas 7 e 8 detalham a análise da tabela anterior e mostram que há uma relação entre as taxas de atividade e de desocupação e a taxa de fecundidade. Podemos ver que a Região Norte tem a maior taxa de desocupação (11,7) e a menor taxa de atividade (69,2). É interessante perceber que as pessoas que tem menos estabilidade, menos condições (no caso as que se encontram na Região Norte), são as que têm maior taxa de fecundidade.

Tabela 9 – Taxas de analfabetismo e escolarização por sexo em cada região e no Brasil – 1999

Brasil e Grandes Regiões

Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade

Taxa de escolarização das crianças de 7 a 14 anos de idade

Total

Homens

Mulheres

Total

Homens

Mulheres

Brasil (1)

13,3

13,3

13,3

95,7

95,3

96,1

Norte (2)

11,6

11,7

11,5

95,5

95,3

95,7

Nordeste

26,6

28,7

24,6

94,1

93,2

95,0

Sudeste

7,8

6,8

8,7

96,7

96,6

96,9

Sul

7,8

7,1

8,4

96,5

96,7

96,3

Centro-Oeste

10,8

10,5

11,0

96,0

95,6

96,4

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
(2) Exclusive a população rural.

Os dados desta tabela estão bastante comprometidos, pois a população rural da Região Norte está excluída. Considerando que essa região é a que apresenta a menor taxa de urbanização do Brasil, se torna comprometedor a análise desses dados relacionando-os com a taxa de fecundidade[5], pois as pessoas da área rural não devem ter alta escolaridade, e assim as taxas do Norte seriam mais baixas.

Tabela 10 – Média de anos de estudo das pessoas de 10 anos ou mais de idade por sexo em cada região e no Brasil – 1999

Brasil e Grandes Regiões

Média de anos de estudo

Total

Homens

Mulheres

Brasil (1)

5,7

5,6

5,9

Norte (2)

5,7

5,5

5,9

Nordeste

4,3

4,0

4,7

Sudeste

6,5

6,4

6,5

Sul

6,2

6,2

6,3

Centro-Oeste

5,9

5,7

6,2

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
(2) Exclusive a população rural.

Mais uma vez a relação entre escolaridade e taxa de fecundidade está comprometida, pois a população rural da Região Norte está excluída [6].

Tabela 11 – Número de pessoas por família e por dormitório em cada região e no Brasil - 1999

Brasil e Grandes Regiões

Número médio de pessoas por família

Número médio de pessoas por dormitório

Brasil (1)

3,4

1,9

Norte (2)

3,9

2,1

Nordeste

3,7

2,0

Sudeste

3,3

1,9

Sul

3,3

1,8

Centro-Oeste

3,4

1,8

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
(2) Exclusive a população rural.

Por ser a Região Norte aquela que apresenta a maior taxa de fecundidade, estes números são reflexos dessa condição, ou seja, essa região apresenta maior número médio de pessoas por família e de pessoas por dormitório, 3,9 e 2,1, respectivamente.

Tabela 12 – Percentagem das famílias por classes de rendimento médio familiar em cada região e no Brasil - 1999

Brasil e Grandes Regiões

Até 2

Mais de

2 a 5

Mais de

5 a 10

Mais de

10 a 20

Mais de 20

Sem (3)
Rendimento

Brasil (1)

27,6

32,2

18,6

9,9

5,9

3,5

Norte (2)

29,2

34,9

17

8,6

4,3

5,4

Nordeste

47,5

29,7

9,2

4,4

2,7

4,2

Sudeste

17,7

32,2

23,5

13

7,8

3,1

Sul

22,2

34,5

21,7

11,3

6,4

2,6

Centro-Oeste

26,7

35

17,9

9,2

6,5

3,4

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE.

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
(2) Exclusive a população rural.
(3) Exclusive os sem declaração de renda.

A informação importante que traz essa tabela é que a Região Norte tem a maior percentagem de população sem rendimentos (5,4%), isto é um fator interessante, pois sendo esta região a de mais alta taxa de fecundidade, pode-se relacionar esse fato a pobres terem mais filhos. É interessante perceber que as regiões, Norte e Nordeste têm a percentagem de rendimento decrescente conforme aumenta a quantidade de salários mínimos.

Tabela 13 – Percentagem de domicílios com luz elétrica em cada região e no Brasil - 1999

Brasil e Grandes Regiões

Luz Elétrica

Brasil (1)

94,8

Norte (2)

97,8

Nordeste

85,8

Sudeste

98,6

Sul

98,0

Centro-Oeste

95,0

Fonte: Indicadores Sociais Mínimos, IBGE

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.
(2) Exclusive a população rural.

Essa tabela seria mais útil se estivesse representado nela a população rural da Região Norte, pois é lá que não se tem luz elétrica e devido a isso não se tem meios de comunicação (TV, rádio), sendo esse um fator que pode influenciar a taxa de fecundidade, pois sem meios de comunicação não se tem informações, sobre como prevenir uma gravidez utilizando métodos anticonceptivos (assim, a falta de energia também influencia na taxa de utilização de métodos anticonceptivos).

6. CONCLUSÃO

A partir dos dados analisados, concluímos que a Região Norte é a que detém a maior taxa de fecundidade (3,16), enquanto que a Região Sudeste tem a menor taxa (2,10), essa primeira diferença se deve principalmente a taxa de urbanização que na primeira é de 62,4% e na segunda é de 89,3%, sendo estes os dois extremos do Brasil. Assim, temos que a urbanização é um fator de grande importância para o controle da taxa de fecundidade.

Também percebemos que o uso de métodos anticonceptivos é menor na Região Norte, sendo esta a causa da maior taxa de fecundidade desta região. Isso se deve a população rural que existe nessa região, pois nessa área não se tem muita informação sobre métodos de prevenção, já que a energia elétrica não chega a essa população e por isso não se tem meios de comunicação em massa; e também, por ser uma área rural, a população tem em mente que ter mais filhos é bom, pois, são eles que trabalharão na agricultura familiar, isto é, é daí que vem a mão-de-obra necessária para a subsistência.

Na Região Norte, encontramos a maior taxa de desocupação (desemprego aberto) e a menor taxa de atividade, assim o que é interessante perceber é que essa população tem uma situação de vida muito precária e instável e mesmo assim é onde se tem mais filhos, é a população que tem maior taxa de crescimento (2,4), podendo se explicar por aí, uma das causas do aumento da população pobre no Brasil. Pois, não é que as pessoas estão ficando pobres, mas sim que as pessoas pobres estão tendo mais filhos e assim aumentando sua população.

A taxa de escolaridade, medida em anos de estudo, seria uma das nossas principais hipóteses, porém como se exclui a população rural do Norte, nossos dados ficam comprometidos, pois é nessa área que se encontra o maior número de analfabetos, ou pessoas com poucos anos de estudos e daí que por falta de instrução eles tendem a se casar mais cedo e ter mais filhos.

Assim, como conseqüência da maior taxa de fecundidade estar na Região Norte temos nesta região o maior número de pessoas por família e o maior número de pessoas por dormitório, esses números seriam maiores ainda se a população rural não tivesse sido excluída.


[1] Definições retiradas do site do IBGE: www.ibge.gov.br

[2] Analfabeta - pessoa que não sabe ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhece.

[3] Tabela retirada: Oliveira, J. C - A fecundidade no Brasil e Regiões nos últimos vinte anos do século XX.

[4] Tabela retirada: Oliveira, J. C - A fecundidade no Brasil e Regiões nos últimos vinte anos do século XX

[5] Procuramos dados no site do IBGE, que poderiam completar essa informação, mas não foi encontrado

[6] Procuramos dados no site do IBGE, que poderiam completar essa informação, mas não foi encontrado

8. BIBLIOGRAFIA

Oliveira, Juarez de Castro. A fecundidade no Brasil e regiões nos últimos vinte anos do século

XX (Versão Preliminar com informações do Censo 2000)

Revista Veja – 09 de junho de 2004

www.ibge.gov.br

Trabalho Final de Indicadores Sociais – ano 2004

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