quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Kula – Malinowski

    O objeto de estudo de Malinowski é o sistema de comércio, o Kula. Ele cita algumas condições adequadas para o trabalho etnográfico, descritas a seguir.
    O etnógrafo precisa isolar-se de outros brancos e permanecer em contato, o mais íntimo possível com os nativos. É bom estabelecer uma base na residência de um branco, mas deve ser longe o bastante para não se tornar um local de moradia permanente, do qual ele sai, a determinadas horas, para visitar a aldeia.
    Deve-se ficar na aldeia porque há uma grande diferença entre um mergulho esporádico na vida dos nativos e ficar realmente em contato com eles. Para o etnógrafo, significa que ele deixa de ser um elemento perturbador que, com a própria aproximação alterava a vida tribal que pretendia estudar. Viver na aldeia somente com o interesse de acompanhar a vida nativa é como ver a carne e o sangue de sua verdadeira vida, que recobrem o esqueleto das construções abstratas.
    O etnógrafo deve trazer consigo também o maior número de problemas possível e o hábito de formular teorias que possam ser contestadas pelos fatos ou não. Saber enunciar problemas constitui o maior talento de uma mente científica.
    O objetivo básico da pesquisa etnográfica de campo é mostrar nítida e claramente a constituição social e dividir leis e regularidade dos fenômenos naturais do que for irrelevante. O estudo é feito através de perguntas em situações reais e/ou hipotéticas - só assim os nativos conseguem falar sobre o tema proposto. Deve-se observar o comportamento das pessoas porque assim descobre-se o comentário de determinado assunto contido na mente do nativo.
    O Kula é um comércio intertribal entre comunidades num largo anel de ilhas. A troca desses artigos é acompanhada de rituais mágicos, fixados e regulamentados por convenções tradicionais. Os nativos não têm consciência da extensão do Kula. Para eles seu aspecto fundamental é a troca cerimonial de soulava e mwali (colares e braceletes de conchas).
    A posse temporária de algum deles constitui um símbolo da importância e da glória da aldeia, que são puramente ornamentais (recebido como um troféu). Kula é recebido por quem possui poderes obtidos pela magia ou por heranças familiares. Todos os nativos desejam participar do Kula, mas somente alguns o conseguem.
    Kula é um mecanismo sociológico, uma rede de relações sociais de influências culturais ampla, enraizada na tradição destes nativos.
    Os bens de Kula são manipulados ritualmente em alguns dos mais importantes atos da vida nativa, inclusive na morte.

Bibliografia
MALINOWSKI , Bronislaw.
Coleção Grandes Cientistas Sociais, Bronislaw Malinowski, editora Ática, 2000
Introdução : o assunto , o método e o objetivo desta investigação; Aspectos essenciais da instituição Kula (capítulo IV); O significado do Kula (capítulo V) .

Resenha – Introdução à Antropologia – ano 2002

Um comentário:

Nise disse...

oi!!Eu também faço Ciências Sociais..e estou estudando no momento Malinowsniki...gostaria de saber mais sobre como é hj estar formada nesse curso...vc fez licenciatura ou bacharelado?