terça-feira, 20 de outubro de 2009

Resenha: “Espaço social e poder simbólico” – Pierre Bourdieu

     Nesse texto, Bourdieu sempre coloca a oposição entre objetivismo e subjetivismo, que sempre está presente nas ciências sociais, sendo sua intenção mais constante superar essa oposição. Essa diferença é resultado do fato de as classes serem entendidas como grupos reais. A construção das ciências sociais são construções feitas por atores da cena social. A construção dos grupos sofrem influência do espaço social (que pode ser aproximado ao espaço geográfico), quanto mais próximos os indivíduos estiverem, em relação ao espaço social, mais sucesso terá a construção de um grupo. Um grupo só existe quando há pessoas que falam que ele existe e quando ele mesmo fala que existe, e acredita-se nisso. A sociologia é feita da construção de visões de mundo, essas são diferentes dependendo do ponto de vista de cada indivíduo, que depende do espaço social onde está o agente. As representações dos agentes mudam conforme a posição e o habitus, que é adquirido ao longo de experiências no mundo social. O principal fator variante de percepções é o espaço social que pode ser construído de diversas maneiras, dependendo de diferentes princípios de visão e divisão, e apresenta-se na forma de agentes dotados de propriedades diferentes e sistematicamente ligadas entre si; essas propriedades funcionam como signos, na própria realidade da vida social e as diferenças funcionam como signos distintivos; com isso, percebe-se que o mundo social apresenta-se como um sistema simbólico e o espaço social funciona como um espaço simbólico. Desse modo, o mundo social é aprendido como produto de uma dupla estruturação: do lado objetivo ela é socialmente estruturada, pois as propriedades adquiridas pelos agentes e pelas corporações apresentam combinações desiguais; do lado subjetivo, é estruturada pois os esquemas de percepção e apreciação mostram o estado das relações simbólicas. Portanto, o mundo social depende das lutas entre agentes que estão equipados de modo desigual, para alcançar uma visão absoluta; e o poder simbólico pode se tornar um poder de constituição. Assim, para mudar o mundo é preciso mudar os pontos de vista, as maneiras de construir o mundo.

Resenha Sociologia contemporânea – ano 2002

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