quinta-feira, 14 de maio de 2009

Vargas, os intelectuais e as raízes da ordem – Lucia Lippi Oliveira

    Vargas foi eleito em 1941 para a Academia Brasileira de Letras e no seu discurso de posse em 1943 propõe a simbiose necessária entre os homens de pensamento (intelectuais) e os de ação (políticos), para a tarefa de emancipação cultural.
    O interesse principal do texto é saber como se deu a aproximação do poder público e os representantes da inteligência brasileira, ou seja, como se deu essa simbiose que é expressa pelo próprio ingresso de Vargas na Academia, já que durante o Estado Novo (1937-1945) houve uma grande aproximação dos intelectuais brasileiros com o governo.
    Entende-se a relação do intelectual, com o público e com o poder: o intelectual confere autoridade ao poder, à medida q convence o público sobre alguma ação do governo q não há prova lógica. E isso faz com q a relação entre o intelectual e o poder assuma 2 formas antagônicas:
- ex. de Machado de Assis, q expressa a idéia de separação entre o literato e a história, entre o intelectual e o poder.
- ex. de revistas como Cultura Política, q durante o Estado Novo divulga sua doutrina, ou seja o intelectual integrado ao poder.
    Para entender como ocorreu a “simbiose necessária”, devemos acompanhar o pensamento e as correntes dos anos 20 e 30.
    O ambiente intelectual dos anos 20 sugere as necessidades de transformações na vida brasileira, ou seja, mudanças na ordem oligárquica vigente (domínio de SP e MG) que foi motivo de muitas revoluções por ex. a Revolução Tenentista de 1922. O ambiente intelectual propunha essas transformações por ex. na Semana de Arte Moderna em 1922 (o Modernismo combatia o q existia antes na cultura brasileira).
    O Modernismo teve 2 momentos: o primeiro foi o do combate ao passado, e a proposta de adequação da vida moderna (urbana e industrial.); e o segundo momento tendo como principal eixo a questão da brasilidade e de participação da ordem mundial (Manifesto Pau-Brasil 1924 e Oswald de Andrade são ex. desse período). Há pelo menos 3 perspectivas modernistas q relaciona a parte-Brasil e o todo-o conceito internacional das nações:
- a parte q pretende dispensar o todo. Ex. Movimento Verde-Amarelo, q quer qbandonar todas as influencias européias e fixar-se na originalidade brasileira. Participantes, Menotti Del Picchia e Plínio Salgado.
- a parte q pretende deglutir o todo. Ex. Movimento Antropofagia, q propõe a apropriação das influencias européias pelo canibalismo cultural. Participante, Oswald de Andrade.
- a parte q pretende se incorporar ao todo, Mário de Andrade e seus estudos do folclore e da música.
    Para acordar o Brasil e criar a nação o modernismo propunha região X  nação, e tradição X futuro.
    A década de 30 congrega crítica à realidade existente e perspectiva reformadora. Todos os livros estão diagnosticando a crise brasileira e apresentando soluções para a sua resolução. Ex. disso é o “romance social”, a aproximação entre a literatura e a visão sociológica da época – a sociologia oferece o retrato da realidade, preocupação fundamental da elite intelectual q busca o “Brasil real”.
    Ressurge a idéia de q se as elites forem bem treinadas, transformam o Brasil por isso é q nos anos 30 surgem os primeiros cursos específicos de sociologia.
    3 grades ensaios marcam essa época e fornecem bases para a análise do Brasil:
- Casa Grande & Senzala (1933), de Gilberto Freyre.
- Evolução Política do Brasil (1934), de Caio Prado Jr.
- Raízes do Brasil (1935), de Sérgio Buarque de Holanda.
    O novo regime instaurado em 1937, para os intelectuais tem 2 características é “novo” e é “nacional”. É novo porque procura modernizar o país e se volta oficialmente para as raízes da nacionalidade. E ao se voltar às raízes, implanta o regime autoritário, negando os regimes liberais importados, por isso é nacional. Ex. dessa visão: artigos Literatura de idéias, de Pedro Dantas e o livro Política e letras, de Rosário Fusco; como os 2 autores possuem ligação com o governo suas produções representam a projeto cultural do Estado Novo.
    Para eles, a revolução estético – literária de 1922 é antecipadora da Revolução de 30, pois os modernistas entenderam antes do q todos a necessidade de renovação da sociedade. Então, a integração entre o modernismo e o Estado Novo se dá no fato de os primeiros se oporem ao ufanismo e denunciarem o atraso do Brasil.
    Para os ideólogos do Estado Novo, os intelectuais são os q captam os anseios da sociedade e ajuda o Estado a discipliná-la. Daí a importância do rádio, do cinema e dos esportes durante esse período.

Fichamento de História Social do Brasil – ano 2003

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