quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Ciência Política

Esta disciplina dedica-se ao estudo de fenômenos políticos. Esses fenômenos são freqüentemente encarados como caracterizando exclusivamente o governo nacional, junto com as autoridades locais e regionais, é aí que a política se torna mais visível. Mas na realidade a atividade política é geral. Ela ocorre em todas as organizações: empresas, sindicatos, igrejas ou organizações sociais. Se o caráter geral da atividade política é hoje amplamente reconhecido, essa atividade ainda é analisada principalmente em relação a organismos públicos.

Relação entre ciência política e teoria política normativa: se a ciência política é o estudo dos fenômenos políticos, a teoria política normativa diz respeito às características dos valores políticos.

A ciência política tal como é conhecida hoje, só se desenvolveu recentemente, devido a isso, a profissão de cientista político ainda tem poucos praticantes.

Apesar de autores brilhantes durante a Idade Média, Renascimento e período moderno como, Maquiavel, Bodin, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau e Tocqueville, que exerceram grande influência na ciência política, esses autores não desenvolveram um ramo acadêmico de aprendizado que pudesse ser encarado como ciência. Assim, a ciência política só surgiu como disciplina depois da primeira metade do século XIX, e mesmo perto do final do século XX, ainda não tinha adquirido um status totalmente independente em diversas partes do mundo.

Essa falta de autonomia disciplinar afetou o desenvolvimento da ciência política; também exerceu efeito sobre a natureza e a vitalidade da teoria política, especialmente sobre seus aspectos não-normativos. Como em todas as disciplinas, a ciência política precisa desenvolver uma teoria, caso deseje entender os fenômenos que observa. Porém, alguns acreditam ser impossível uma teoria autenticamente científica da política, devido à natureza do comportamento humano, tanto individualmente quanto em grupo. Os motivos para tal ponto de vista vão desde a visão de que as ações humanas são basicamente imprevisíveis até a idéia de que as situações políticas são muito complexas para que uma análise científica seja capaz de descobrir, quanto mais medir, todas as variáveis envolvidas no processo. Também já se afirmou que as idiossincrasias dos observadores são inevitáveis e o que passa por “observação” é apenas um reflexo dessas mesmas idiossincrasias.

Existe uma necessidade de compreender melhor a política e descobrir regularidades, mesmo que acabem se tornando “leis” verdadeiramente científicas.

O debate sobre a viabilidade da ciência política está em continuo processo, sem diminuição de ênfase, isso porque a vida política, e em particular a vida política no plano dos responsáveis pelas tomadas de decisão nacionais, é formada marcantemente pela cultura política dos países e das regiões. As tradições políticas e sociais são os mecanismos pelos quais as especificidades históricas desempenham seu papel.

Generalizações em ampla escala podem levar a armadilhas: muito provavelmente deixarão inexplicada grande parte da realidade concreta. É preciso que às generalizações se combine o reconhecimento da importância do contexto particular e dos que desempenham papéis particulares. Assim, esse é o maior desafio dos cientistas políticos: mais do que cientistas sociais, eles precisam combinar o geral com o particular.

Semelhante situação naturalmente afeta a metodologia da ciência política: os cientistas políticos têm de usar grande variedade de instrumentos e técnicas se quiserem obter alguma compreensão da realidade. Não existe nenhuma metodologia isolada, nenhuma metodologia comum.

A ciência política, assim, apresenta grande diversidade. Não é um ramo do saber verdadeiramente unido. Pode-se encontrar cinco aspectos de estudos empíricos que se tornaram campos de investigação cada vez mais distintos:

  1. O estudo do governo é o ramo mais antigo do estudo empírico da política. Em sua forma moderna esta ligado ao direito constitucional (principalmente no continente europeu). Estuda as instituições e os procedimentos que caracterizam os sistemas políticos através do mundo; e também estuda os padrões comportamentais, investigando até que ponto e de que modo as instituições e procedimentos influenciam o comportamento. Muitos estudos se concentram em determinado país ou região ou instituição; porém, hoje existem também, e cada vez mais, estudos transnacionais, que envolve os governos de uma região, os governos de diferentes regiões. Esse ramo chamado governo comparativo é um elemento central no estudo da política.
  2. A administração pública analisa a estrutura e as características dos organismos públicos, bem como as condições de emprego dos que dirigem organismos. De essencialmente descritiva, ela passou a analisar os tipos de relacionamento que surgem dentro e entre os organismos públicos. A administração pública esforça-se em descobrir as condições amplas em que são tomadas as decisões públicas. Tenta determinar quais dessas condições são as mais eficazes e mais eficientes na obtenção de objetivos particulares.
  3. O estudo das relações internacionais tem mudado de forma marcante, deixando de ser um ramo de totalmente distinto da história e tornando-se um setor da ciência política. Isso porque seu interesse maior é pela política entre nações e porque a diferença entre assuntos internos de estado e relações entre estados se tornou menos pronunciada.
  4. O estudo do comportamento político é, em muitos sentidos, um produto da erupção da política de massas da sociedade moderna, em particular no Ocidente. Há um grande interesse em saber sobre quais bases as pessoas fazem suas escolhas políticas, principalmente em épocas de eleições.
  5. 5. O estudo da análise de políticas públicas é o mais recente subsetor da ciência política. Tem origem na administração pública, mas difere por não ser um modelo totalmente diverso como aquele. A análise de políticas públicas diz respeito ao modo pelo qual o comportamento dos agentes políticos pode afetar decisões, enquanto a administração pública diz respeito basicamente às estruturas e aos efeitos dessas estruturas.

Com essa expansão da ciência política ao longo do século XX, sua influência vem naturalmente crescido de forma apreciável. Ela ainda tem grandes dificuldades na previsão de resultados. Ao mesmo tempo, a necessidade de se dedicar a um estudo sistemático das tendências políticas e, assim compreender os acontecimentos políticos e cada vez mais reconhecido tanto pelo público em geral quanto pelos próprios responsáveis pelas tomadas de decisão.

Assim, a ciência política preenche uma função essencial, que é a de ajudar os cidadãos a adquirir melhor compreensão dos fenômenos políticos e, assim, exercerem maior influência sobre sua comunidade e sobre a sociedade como um todo.

Dicionário do Pensamento Social do século XX – “Ciência Política” – pag. 80 - 85

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