quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Weber, Marx e Durkheim e o surgimento da Sociologia - parte 02

Pode-se dizer que a obra de Weber, juntamente com a de Marx e a de Durkheim, é um dos fundamentos da metodologia da sociologia moderna. Foi a partir da obra realizada por eles, que a sociologia moderna se configurou como um campo de conhecimento com métodos e objetos próprios. A semelhança que une os três autores é a ciência, ambos são filhos do Iluminismo, e buscam uma sociedade harmônica e sua autonomização. Os elementos presentes em todas as obras desses autores são: em Marx a alienação, em Weber a racionalização e em Durkheim é a anomia (que é a ausência de regras).
Weber e Durkheim pertenceram à mesma geração e foram colegas de profissão, tendo em comum a temática religiosa como chave fundamental de análise sociológica; já Marx, que é de uma geração anterior, porém da mesma nacionalidade de Weber (Alemanha), ao contrário de Durkheim que era francês, ambos analisaram o capitalismo e discutiram a questão do Estado Nacional, a partir da mesma Alemanha do século XIX, com suas peculiaridades que a distinguiu dos demais países europeus, devido à sua unificação tardia. A questão do Estado coloca Marx e Weber em campos opostos; Marx tinha uma visão negativa da política, o Estado deveria ser gradativamente extinto, enquanto Weber, com uma perspectiva positiva da política, defendia a constituição de uma burocracia permeada por um eficiente mecanismo de controle democrático.
A alienação, que Marx tem como tema, pode ser exemplificada: numa mesa (objeto) o conjunto de relações está alienado, só se enxerga o produto pronto, dessa forma Marx entende a sociedade de forma alienada, ele presencia a crise de super produção, contrapondo com Weber, este presencia o capitalismo mais avançado em fins do século XIX e Durkheim que vê uma grande mudança na França, ele mesmo é um produto dessa mudança, então ele se preocupa em explicar de maneira geral essas mudanças.
Em Weber, a emoção é imprevisível, já a razão é previsível, e é encontrada nos valores morais de uma sociedade, os valores não são objetivos, e sim subjetivos, enquanto para Durkheim os valores são objetivos, pois são fatos sociais (coisas).
Durkheim estuda o direito, que já está lá (é intrínseco), então pode ser previsto, é no direito que encontra a regulamentação para a vida social (leis). Durkheim é o homem da previsibilidade a partir do empírico e daí chega às análises, Weber parte do substrato cultural para poder fazer alguma previsão certa. Durkheim e Weber vão buscar na religião a essência do conhecimento, ao contrário de Marx, que diz que a religião tem função social, pois opera no acobertamento das relações sociais. O asceticismo cristão, para Weber, é o agente dinâmico em sua relação com o mercado da vida, ao que parece transformando-o intrinsecamente, ao contrário do que dizia Marx no Manifesto, onde o sentimento religioso e o prestígio de tudo o que é sagrado é violado pela ação do capitalismo. Para Durkheim a religião gera coesão social, pois ela é um fato social. A concepção de fato social é diferente para Weber, para ele a somatória das ações individuais criam os fatos sociais.
Marx não concorda com a idéia de que a emancipação política (cidadania) reivindicada pelos judeus só se dará quando judeus e católicos deixarem suas diferenças de lado, pois ele acha que isso é emancipação humana e não política, não tendo uma noção de Estado (contrapõe Bauer, no texto “A Questão Judaica”). Para ele o Estado é simultaneamente uma colossal superestrutura do regime capitalista como poder organizado de uma classe social em sua relação com os outros.
Para Durkheim a humanidade avança no sentido de seu gradual aperfeiçoamento, governada por uma força rígida: a lei do progresso, ele analisa na sociedade os efeitos que as mudanças acarretam. Para Durkheim o sistema é um todo que funciona integrado, isto é, cada elemento deste sistema tem uma função, e os critérios para regulamentar esse sistema é baseado no direito, pois para ele toda sociedade é normatizada e quem segue essas normas “se dá bem”. Enquanto para Marx o direito é um “véu cinza” que tapa a sociedade protegendo a burguesia.
Em Weber uma sociedade pode ser racional tendo valores subjetivos, num primeiro momento o que faz essa mediação entre indivíduo e sociedade são as instituições, a ação racional é pensada tanto no pessoal quanto no individual. Para Marx a vida social é o reflexo das relações materiais, concepção materialista, sendo a mercadoria a síntese das relações sociais.
Para Marx a classe social é o sujeito da história, e a desigualdade tem origem na propriedade, sendo esta um elemento fundamental na discussão marxista, pois a propriedade é alienável e leva à alienação, esta significa a separação do homem com ele próprio, do seu semelhante e da natureza. Essa separação do homem, também pode ser vista em Weber, quando ele fala, sobre a autonomização e racionalização do homem do meio natural e do meio social, aumentando o grau de consciência e reflexividade, através disso a ação de cada indivíduo tende a alterar o meio e cada vez mais essa ação é consciente e servem para melhorar e manter a sociedade.
A divisão do trabalho para Durkheim leva a solidariedade, isto é, agir homogeneamente a partir dos sentimentos. Enquanto a divisão do trabalho para Durkheim gera solidariedade social, para Marx a idéia é contrária, para ele a divisão do trabalho aparta o homem de seu meio e então gera alienação.
Weber, sobre influência de Marx, propôs verificar a capacidade que teria o materialismo histórico de encontrar explicações adequadas à história social, especialmente sobre as relações de infra-estrutura e a superestrutura da sociedade.
A preocupação de Weber em suas obras, quando discute os estudos sobre religiões, sua análise do surgimento do capitalismo, seu estudo sobre poder e burocracia, seus escritos metodológicos e sua sociologia do direito, é a racionalidade. Para ele a sociologia é a ciência que pretende entender e interpretar a ação social, para explica-la em seu desenvolvimento e efeitos, observando suas regularidades que são expressas na forma de usos, costumes e situações de interesse. O conceito de ação social é o mais importante na sociologia de Weber, e ação social é uma conduta humana dotada de um significado subjetivo. Para Durkheim o fato social (que é coercitivo e exterior ao indivíduo) influi na ação social, o indivíduo é a sociedade (sui generis).
Marx acreditava que a razão era não só um instrumento de apreensão da realidade, mas, também, de construção de uma sociedade mais justa, capaz de possibilitar a realização de todo o potencial existente nos indivíduos. Porém, suas experiências de desenvolvimento tecnológico e das revoluções políticas, alimentaram sua crença no progresso em direção a uma liberdade.

Trabalho Final de Sociologia clássica - 2002

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, muito completo esse texto. Parabéns por explanar sem delongas a burocracia de Weber.
Muito bom, continue o bom trabalho!

Anônimo disse...

Muito bom mesmo essa comparação com esse três incriveis pensadores!!!
Será muito proveitoso na minha prova...
valeu, mesmo...

Unknown disse...

Nas semi-finais você me salvou: precisava de um resenha para estudar para prova... obrigado!