A sociologia teve suas origens no século XVIII, nas filosofias da história, nas primeiras pesquisas sociais e nas idéias gerais do Iluminismo. Em suas fases iniciais e principalmente nos escritos de Auguste Comte, que foi quem deu nome à nova ciência, a sociologia tinha orientação geralmente evolucionista e positivista. Essas características persistiram durante o século XIX, nas obras de Herbert Spencer e Karl Marx.
No final do século a sociologia assumiu uma forma diferente e lentamente se estabeleceu como disciplina acadêmica, através das obras de dois importantes pensadores, Emile Durkheim e Max Weber, que, junto de Marx, podem ser considerados os fundadores da disciplina em sua concepção moderna. Embora profundamente diferentes em suas idéias e abordagens, esses pensadores tinham uma nova concepção da sociedade como objeto de estudo a ser distinguido do estado e do político e dispuseram-se a definir e demonstrar os princípios e métodos dessa nova “ciência da sociedade”. Também concentraram suas atenções nos problemas específicos da estrutura e do desenvolvimento do moderno capitalismo ocidental, respondendo às profundas mudanças na vida social que ele causou ao crescimento da classe operária e à propagação das idéias socialistas.
A sociologia tinha também acentuadas características nacionais e regionais; estava confinada a Europa Ocidental e América do Norte, regiões onde o capitalismo ocidental se desenvolveu com maior rapidez. Mesmo dentro dessas regiões, as características eram diferentes em cada país.
Somente depois da Segunda Guerra Mundial, sobretudo na década de 60, é que a sociologia expandiu, tornando-se uma importante ciência social acadêmica, em escala internacional. Essa reorientação e expansão da disciplina foram acompanhadas de especialização e proliferação de novas áreas de pesquisa, muitas das quais colocaram a sociologia em relação mais estreita com outras ciências sociais, especialmente a ciência econômica, a antropologia e a ciência política. Ao mesmo tempo a multiplicidade de paradigmas também tendia à aumentar, enfatizando a divisão da disciplina em escolas concorrentes de pensamento.
A sociologia traz controvérsias que resistem a tempos; estão envolvidas três principais questões. A primeira diz respeito à importância da estrutura social na vida social e das ações conscientes, intencionais, de indivíduos ou grupo de indivíduos: se, e em que medida, a sociedade deve ser concebida como o produto dessas ações ou se, as intenções e possibilidades de ação de indivíduos e grupos devem ser vistas como produto da sociedade. A segunda questão se refere à relação entre estrutura social e mudança histórica. A terceira questão diz respeito à natureza geral da explicação sociológica e, em particular, à noção de causalidade na vida social; neste caso existem uma clara divisão entre os adeptos da explicação causal, em formas positivistas e realistas (Positivismo), os comprometidos com a explicação em termos de estados finais (Funcionalismo) e os que rejeitam a idéia de uma explicação causal dos processos sociais em favor de interpretações dos significados da ação humana (Hermenêutica).
Apesar desses problemas e discordâncias, a sociologia tem tido grande influência no pensamento social moderno, devido, em partes, à essa preocupação com a natureza e os primeiros princípios de uma ciência social, tornando-se um ponto focal para debates que, se não resolveram os problemas, elucidaram indubitavelmente as dificuldades específicas da generalização e explicação no domínio dos eventos e processos sociais.
O pensamento sociológico tem sido influente ao incutir uma percepção do contexto social mais amplo em disciplinas especializadas. Muitos dos estudos sociológicos mais interessantes foram realizados em conjunto com outras disciplinas, por exemplo, na sociologia econômica, na sociologia política e em numerosos estudos de desenvolvimento do Terceiro Mundo, nos quais sociólogos, antropólogos, economistas e cientistas políticos participaram e cooperaram.
As realizações da sociologia nessas diferentes áreas são importantes, ao ampliarem a gama de conhecimentos sistematicamente ordenados da vida social e ao proporcionarem uma base empírica e racional para a formulação de políticas públicas.
Para o futuro, a sociologia continua uma disciplina viva e crítica. Novas idéias surgirão e terão um impacto revigorante sobre o pensamento social e sobre as formas de vida social.
Dicionário do Pensamento Social do século XX – “Sociologia” – pag. 732 - 737
Um comentário:
adorei o texto...
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