As ciências sociais sempre existiram em relação mais íntima com suas metateorias ou filosofias do que as ciências naturais. Cada ciência social e cada escola dentro dela tem tido problemas ontológicos, epistemológicos, metodológicos e conceituais que lhe são peculiares.
Um importante contraste pode ser traçado entre um positivismo naturalista, forte em ciência econômica, psicologia e sociologia nos moldes de Emile Durkheim e Talcott Parsons, e proeminente em países de tradição inglesa, e a hermenêutica* antinaturalista, forte nas ciências sociais e na sociologia de orientação mais humanista, na veia de Max Weber e proeminente do mundo germânico. Este contraste supera a linha divisória marxista/não-marxista. Recentemente ganhou destaque uma terceira alternativa, um naturalismo crítico ou limitado, baseado em uma descrição realista não-positivista da ciência.
As ciências sociais é notoriamente ruim como modelo de predição. Não quer dizer que as ciências sociais não possam fazer previsões condicionais, sujeita a uma causa ceteris paribus; mas a ausência de sistemas fechados significa que situações de teste decisivos são impossíveis, já que as ciências sociais devem confiar em critérios exclusivamente explicativos para confirmação e refutação.
Em relação à explicação pode-se distinguir em duas: teóricas, que procedem por descrição de características significantes, retrodução para causas possíveis, eliminação de alternativas e identificação dos mecanismos geradores ou da estrutura causal em ação; aplicadas, por resolução de um evento complexo em seus componentes, redescrição teórica desses componentes, retrodicção de possíveis antecedentes e eliminação de causas alternativas.
O mais forte argumento da hermenêutica é que, sendo os fenômenos sociais singularmente significativos ou governados por regras, a ciência social deve estar precisamente interessada na elucidação do significado do seu objeto de estudo.
A posição da hermenêutica é freqüentemente reforçada pelo argumento de que as ciências humanas estão interessadas nas razões do comportamento dos agentes e de que tais razões não podem ser analisadas como causas.
Tanto o positivismo quanto a hemenêutica foram ligados ao individualismo e coletivismo ou ao holismo*; e os positivistas acentuaram a mediação humana ou a estrutura social. Para os novos realistas a estrutura social é a condição onipresente e o resultado continuamente reproduzido da mediação humana intencional. Para os realistas críticos, a base da abstração reside na estratificação real da natureza da sociedade.
O positivismo sustenta a existência de uma enorme distância entre o fato e os enunciados de valor. A impregnação de valor do discurso factual social-científico parece fato patente. Está claramente vinculado ao caráter impregnado de valor da realidade social que as ciências sociais estão procurando descrever e explicar. Na medida em que pode-se explicar essa necessidade de consciência sistematicamente falsa acerca dos fenômenos sociais, então podemos passar, ceteris paribus, às avaliações negativas dos objetos que tornam essa consciência necessária e às avaliações positivas das ações racionalmente planejadas para transformá-las.
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